DIA 249: Se eu soubesse aquilo que eu sei hoje...

segunda-feira, novembro 04, 2013 0 Comments A+ a-

Apercebi-me desta lenga-lenga na minha mente enquanto eu falava com uma amiga sobre o meu processo e em como eu me permito ainda sentir frustrada quando descubro um ponto em mim que eu desejaria saber mais cedo, com base na ideia de que as coisas poderiam ter sido diferentes/melhores  caso eu estivesse ciente desse ponto em mim. Ao dizer isto, reparei também como isto não passa de uma ideia e, em honestidade-própria, é uma justificação para me manter exactamente no mesmo ponto de auto-vitimização, arrependimento e esperança. Esta é a minha mente e estou a abrir-me para mim, a cada dia, a cada respiração, a cada momento que eu decido viver este processo em plena dedicação própria e aplicação.

Se eu soubesse aquilo que eu sei hoje... o que é que seria realmente diferente? Vendo bem, tenho vários exemplos na minha actual dia-a-dia nos quais eu não aplico aquilo que eu sei: apesar de saber e ter provas em mim de que escrever para mim própria e escrever o perdão próprio sobre os pensamentos e emoções é de facto o melhor para mim, não o tenho feito todos os dias; apesar de saber que é saudável fazer desporto regularmente nem sempre planeio a minha semana de modo a dedicar tempo a essa prática; apesar de saber que avanço no meu processo a fazer os cursos do Desteni tenho tido enorme resistência em fazê-los; apesar de saber que eu estou ciente de mim a cada respiração ainda há grande parte do meu tempo a ser "vivida" em piloto automático... Ou seja, esta sabedoria é irrelevante se não for aplicada. Por isso, é inútil eu sabotar-me a dar azo a esta conversa da mente de "se eu soubesse antes"... Em vez disso, quando eu vejo um ponto novo em mim, posso agradecer-me por ter chegado a este ponto e dar-me esta oportunidade para mudar daqui para a frente com base nessa realização.

Outra coisa que vejo é o valor que dou à sabedoria da mente quando, na realidade, esta não é aplicada e acaba por se transformar em culpa por estar ciente da minha própria desonestidade! Para que é que eu preciso de me agarrar a esta ideia de saber qualquer coisa se isso não for transformado em mudança de hábitos por exemplo? Se eu sei que escrever é-me benéfico para acalmar a mente e dar-me espaço/tempo para ver as coisas por mim própria, porque é que eu pura e simplesmente não começo a escrever!
Penso bastantes vezes que, se tivesse sabido das coisas do Desteni antes da faculdade, teria utilizado o meu tempo livre de forma diferente e começado a lidar com a minha mente em momentos de desespero, solidão, incerteza e medo, típicos da fase da adolescência. Aquilo que eu vejo é que essa fase não tem necessariamente de ser complicada, mas pouco se partilha, pouco se fala, pouco se conhece sobre a mente e sobre as maneiras de nós nos conhecermos e ajudarmo-nos a nós próprios.

Por isso:

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido criar e participar na conversa da mente sobre desejar saber algo há mais tempo com base na esperança e ideia de que isso teria mudado alguma coisa.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que é irrelevante imaginar como é que eu teria feito as coisas de maneira diferente quando por experiência própria eu vejo que mesmo agora ainda continuo a repetir padrões e a desprezar a minha própria honestidade própria. Realizo então que independentemente de saber dos pontos com os quais eu tenho de lidar, trata-se de me tornar na vontade própria de mudar, de realmente puxar por mim para parar os pensamentos automáticos e de sair dos hábitos da minha mente.
Eu perdoo-me por me permitir e aceitar criar uma realidade paralela na minha mente baseada na ideia de como eu as coisas podiam ter sido diferentes, em vez de ver que ao alimentar esta imaginação eu estou a permitir continuar distraída de mim própria e, portanto, a continuar "perdida" na mente, com esperanças do típico "e se"...

Apercebo-me também que esta conversa da mente surge como uma distração em mim; por isso, em vez de alimentar a imaginação de como é que teria sido, eu foco-me naquilo que eu vou fazer e mudar daqui para a frente.
Em momentos em que me apercebo de um ponto, eu comprometo-me então a ser honesta comigo própria e a pôr em ação essa realização, sem perder tempo na mente com ideias de como é que eu podia já ter feito tal mudança antes. O momento de mudar é o momento em que me permito ver essa nova opção em mim, essa nova perspectiva e essa solução para mim própria. Para quê adiar fazer e ser aquilo que é o melhor para mim?
Quando e assim que eu me vejo a participar na conversa da mente de "quem me dera saber isto antes" eu páro e respiro. Eu investigo em mim aquilo que eu desejaria que acontecesse antes e investigo o que é que eu posso realmente fazer aqui e agora. Por experiência própria, passar muito tempo em planos da mente é desgastante e é um pneu furado que não me leva a lado nenhum. Em vez disso, eu posso começar por escrever o padrão que eu enfrento, ver os pontos negativos e positivos aos quais eu ainda tenho uma ligação de arrependimento e desejo, e ver o que é que eu posso fazer para lidar com este ponto de modo a aplicar a realização numa mudança prática e de auto-apoio na minha actual realidade. Eu finalmente vejo que o meu futuro depende em quem eu me torno a cada momento e, para que o meu futuro seja vivido em honestidade-própria, eu terei de ser honesta comigo-própria aqui e agora, sem adiar o meu processo, e em garantir que crio/sou a minha fundação estável para me expandir como o potencial de Vida que eu sou/somos.


No próximo artigo irei escrever sobre a tendência de pensar que seria mais fácil estar numa posição, num tempo ou num lugar diferente daquele onde eu estou.


DIA 248: Presa a opiniões

sábado, outubro 26, 2013 0 Comments A+ a-




Estou a partilhar um ponto que estou neste momento a investigar em mim própria. Durante estes últimos meses tenho continuado a caminhar no meu processo pessoal de ver quem é que eu me tornei e a ajudar-me a redescobrir maneiras de mudar a minha relação comigo própria. Isto é possível ao estar ciente de mim e ao perceber as consequências que eu tenho criado para mim própria. Tenho publicado mais artigos no meu blog em Inglês embora continue a escrever em Português. Irei publicar algumas das minhas notas que me parecem ser relevantes para vocês que também andam este processo.


Relativamente ao tópico das opiniões, sugiro que leiam os seguintes artigos escritos em Inglês pela Sunette Spies: DAY 445: How did a Factual World become infected with Opinions? 

Apercebo-me como alguns dos meus juízos de valor não tiveram a ver com a minha experiência mas pela reação que eu vi nos outros: quantos alimentos eu pensava que não gostava somente pelo aspecto deles ou porque sabia de alguém que não gostava também?

A noite passada estive a investigar em mim alguns pontos e fiz o perdão próprio em voz-alta em tempo-real: perdoava os pensamentos que vinham e foquei-me em lidar com aqueles pontos no momento. Disse também os meus compromissos de auto-correção em voz-alta e depois escrevi algumas frases que me ajudaram a esclarecer o ponto das opiniões e, por sua vez, a falta de confiança própria e, finalmente, o ponto de ter resistência em lidar comigo própria/a minha própria mente em honestidade-própria.
Partilho aqui no meu blog os ponto-chave que te poderão ajudar na tua própria auto-investigação.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido levar a peito a reação da outra pessoa sobre qualquer coisa que eu estou a fazer. Apercebo-me que me entreti com esta energia/crença de "estou a a fazer alguma coisa de errado" em vez de realmente investigar a minha definição de errado sobre aquilo que eu estou a fazer, investigar a minha relação em relação a essa ação e os medos de ser "descoberta" derivados do meu julgamento sobre aquilo que eu faço.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido mudar aquilo que eu estou a fazer consoante a reação dos outros à minha volta, em vez de confiar em mim própria e naquilo que eu faço e me permitir continuar estável independentemente das opiniões dos outros.

Quando e assim que eu me vejo a desconfiar daquilo que eu própria decidi fazer, eu páro e respiro. Eu comprometo-me a ser /viver a minha decisão e usar esta oportunidade para investigar de onde é que o julgamento sobre essa específica ação vem. Eu apercebo-me que sou responsável por cada e todas as ideias que me passam pela mente e que sou também responsável por aceitar as opiniões dos outros como minhas.

Quando  e assim que eu me vejo a repetir uma memória de um evento na minha mente, eu páro e respiro. Eu vejo agora que esta memória foi registada como um julgamento próprio e como sendo errado sem nunca até agora me questionar sobre este juízo de valor. Apercebo-me que comprometi a minha decisão e honestidade-própria em detrimento da aceitação pela outra pessoa.

Apercebo-me que os julgamentos que eu criei daquilo que eu faço são inclusive cópias de reações que eu vi nos outros e que associei serem a regra/a definição, sem ver que estava a criar uma luta dentro de mim entre aquilo que eu acredito que devia ser (baseado na imagem e na ideia de perfeição "vendida" pelos outros e pelos media) e aquilo que eu realmente faço, sem nunca verificar em mim própria se eu estava satisfeita comigo própria, se estes conflitos internos faziam sentido e sem me permitir aceitar aquilo que eu faço como sendo eu, sem medo de ser julgada nem ter vergonha de mim própria.


Ilustração por Rozelle de Lange

DIA 247: Quando Lisboa não é boa…

sexta-feira, setembro 13, 2013 0 Comments A+ a-



Fui sair à noite em Lisboa e, mais do que nunca, apercebi-me de uma contradição no ar. Antes de descrever aquilo que senti e aquilo que vi, foi com tristeza que ouvi a voz alarmada dos mais velhos nos seus conselhos do "tem atenção, as coisas não estão para brincadeiras". Estas "coisas" referem-se ao estado  de crise económica em que o país se encontra (ou se perde!) durante o qual a sobrevivência justifica a estupidez, corrupção e violência.

Este blog vem no seguimento de uma 'demonstração' de violência em plena noite lisboeta, na qual três ou quatro jovens começaram a atacar um rapaz com pontapés na barriga, murros nas costas e, quando este se encontrava já mobilizado no chão, um dos jovens ainda saltou na cabeça da suposta vítima, como se se tratásse de um ring de wrestlin em pleno Bairro Alto. Eu encontrava-me do outro lado da estrada e fiquei estática, sem saber o que fazer mas a desejar que aquela cena parásse. Houve dois homens de estatura forte que se envolveram para separar os "lutadores" e finalmente a cena acabou com o tal grupo a fugir pela rua acima. Provavelmente, muitos de nós que assistimos ao que se passava naquele momento queriamos ajudar e terminar o conflito, mas nestas situações não se sabe o que é que realmente se passou, nem quais são as intençōes daquele "espetáculo", nem se ha alguém armado naquela confusão toda.

Já não sentia aquela ansiedade de perigo eminente há algum tempo. Trata-se de uma sensação de insegurança que me prende os músculos e acelera o batimento cardíaco. Uma das coisas que me faltou foi estar ciente da minha respiração e garantir que a minha estabilidade é inabalável. Esta é a única preparação que eu me posso dar a mim mesma de modo a não alimentar o conflito com mais uma reação vinda da minha parte.

Quando o ambiente naquela rua acalmou, continuei a andar e questionei-me se as proximas eleiçoes autárquicas vão mudar alguma coisa e garantir que a segurança na rua seja um direito básico proporcionado por políticas sociais-económicas. Nesse momento, questionei-me também se algum dos políticos ocupados em ganhar votos estariam ali, àquela hora e local, a ver a realidade crua e dura da juventude nacional.

Aquilo que esta experiência me trouxe não foi uma justificação dos conselhos dos mais velhos, mas foi um alerta pessoal para os medos que eu permito desenvolver dentro de mim por influência daquilo que eu oiço, vejo e imagino. Ao mesmo tempo, realizei que a desigualdade social no país é agudizante - por um lado assistimos à violência mais primitiva e por outro lado, a uma elite em festa numa passerele cor-de-rosa. E finalmente, vejo que campanhas ou programas políticos que não tenham em vista acabar com as desigualdades sociais e económicas são uma fachada desafazada da realidade.

Vou escrever sobre os pontos da ansiedade, medo e antecipação brevemente. Até lá, vou ajudar-me a aplicar o senso comum e a respiração no meu dia-a-dia especialmente quando enfrento situações novas e sugiro também que os cidadãos e políticos exijam soluções que garantam estabilidade financeira para todos os cidadãos, como por exemplo, através da renda básica de cidadania. A prevenção é o melhor remédio.

Faz a tua voz contar pela Renda Básica de cidadania: http://cidadania-europeia.weebly.com/
 
Ilustraçao de Andrew Gable.

 

DIA 246: Recomeço... Quem era o Bernard Poolman

quinta-feira, agosto 22, 2013 0 Comments A+ a-



Muita coisa aconteceu desde a última vez que publiquei um artigo no meu blog em Português e quero primeiramente pedir desculpa pela falta de informação da minha parte sobre a razão pela qual desde o dia 5 de Agosto não têm havido novas publicações. Deixei de escrever? Não. Parei o Processo? Nem pensar. Continuo a escrever o mais regularmente possível no meu caderninho. Tópicos para artigos novos surgem constantemente mas por três razões não consegui manter a minha consistência:

Primeiro: desde o princípio de Agosto que estou a passar pela fase mais atarefada do meu emprego que tem envolvido viagens, longas noites de trabalho e começos pela madrugada. Apesar de ter tentado preparar esta época o mais possível, têm havido mudanças de última hora, novos desafios, novos clientes e, consequentemente, menos tempo para me dedicar à escrita;

Segundo: Apesar dos meus 246 dias de Processo, apercebo-me que ainda me permito participar nos altos e baixos da mente (que é energia) e isso reflecte-se na minha falta de disciplina diária em manter-me a par do que se passa dentro de mim, no meu corpo e na minha mente. Sinto neste momento uma terrível sensação de estar a "passar-me ao lado" e que não consigo identificar todos os padrões que eu visito durante o dia e assim perco uma oportunidade de lidar com esse padrão de uma vez por todas. A consequência é que o meu Processo se prolonga, a mente ganha território e transporto comigo este peso de padrões não resolvidos e corrigidos em mim - sem dúvida este é um padrão a trabalhar em mim, com perdão-próprio, honestidade-própria e correção;

Terceiro: finalmente recomecei a escrever o meu blog em inglês http://joanaslifeprocess.blogspot.com/ algo que já estava para fazer há bastante tempo e pelos vistos foi preciso uma motivação fora de mim para me alinhar com a minha decisão. Esta "motivação" funcionou como um chuto no meu rabo para me mexer e parar de procrastinar as minhas decisões que eu sei serem o melhor para todos. De facto, escrever um blog em inglês permite que o meu processo seja acompanhado por muito mais pessoas e posso igualmente apoiar mais pessoas que estejam a passar por pontos semelhantes. Ao mesmo tempo, quis que a minha mensagem chegásse a mais pessoas e infelizmente o público Português ainda não acompanha esta caminhada activamente. Provavelmente são poucos os Portugueses que conheciam o Bernard Poolman mas foi precisamente a sua morte, no dia 11 de Agosto, que me deu este chuto e me
"acordou" para a Vida. O Bernard não precisa de definições nem apresentações: ele está presente em cada palavra que eu escrevo, em cada passo do meu processo, em cada realização e em cada correção. No espaço de cinco anos, desde que eu comecei a interagir no Desteni Forum, a presença do Bernard através dos seus blogs, livros e vídeos, passou a fazer parte da minha vida e em 2012 tive a oportunidade de o conhecer aquando da minha visita à quinta do Desteni na África do Sul. Também é graças ao Bernard que eu e o João ponderámos seriamente a decisão de nos casarmos porque o Bernard era assim: sem hesitações, sem merdas, sem agenda e, em tal liberdade, era capaz de ver o óbvio que poucos conseguem ver. No Forum ele tinha o nickname de CommonSense e era exactamente isso que ele transmitia: uma carga de senso comum que nunca havia sido partilhada comigo por ninguém da minha família, grupo de amigos ou namorados. O Bernard foi e é um exemplo de Vida para mim e para muitos outros que se aperceberam da sorte de o ouvir, de o conhecer, de ler os seus blogs, de participar nos chats, de ter conversas com ele e de andar este Processo de escrita, perdão-próprio e de auto-correção. 

Claro que não era sorte: nós só fomos capazes de ver a "sorte" de conhecermos o Bernard porque aplicámos as suas palavras no nosso dia-a-dia e reparámos que os Princípios que o Bernard vivia eram também o melhor para nós: Igualdade, Unidade, Compaixão, Dar aos outros aquilo que queremos que nos seja dado, Honestidade-Própria, Integridade, Perdão-Próprio, Mudança, Estabilidade, Igualdade Monetária, Auto-Responsabilidade.

Ele era tudo menos preguiçoso porque o Bernard superou a mente e não andava distraído em pensamentos nem medos: ele vivia como Vida, presente, simples-mente ciente do físico, um e igual como toda a existência física universal, prático e incessante no seu apoio àqueles que andavam o Processo. A expressão dele era directa e desafiante, como se olhasse para dentro de mim e visse os meus medos, os meus problemas, as minhas preocupações, as minhas memórias, os meus julgamentos. Por isso, quando ouvi a notícia da sua morte, fiquei em choque e não queria acreditar, mas rapidamente aceitei esta nova fase do meu processo. Apercebo-me que grande parte da resistência em aceitar a sua morte era baseada em interesse-próprio e no medo de não voltar a ter esta pedra basilar ao longo do meu Processo de Vida. A estabilidade que o Bernard me transmitia tenho de ser eu a criá-la em mim; o senso comum que o Bernard manifestava terá de ser vivido em mim para ser real; a confiança que o Bernard me dava quando conversávamos sobre as minhas decisões tem de ser estabelecida por mim e em mim para que eu seja capaz de viver as minhas próprias decisões em plena confiança e auto-motivação. Ou seja, a morte do Bernard representa um recomeço em mim, naquilo que eu me permito e aceito ser no meu processo de me recriar como Vida.


Há novos pontos em mim que eu tenho estado a lidar e que vou partilhar neste blog passo a passo. Por agora, convido-vos a visitarem e a estarem também atentos aos artigos em Inglês que são um complemento aos meus artigos em Português.


Se quiserem saber mais sobre quem era o Bernard Poolman sugiro este site com muitos artigos escritos por pessoas de todo o mundo: http://forum.desteni.org/viewtopic.php?f=29&t=5694


DIA 245: A personalidade dupla começa em casa

segunda-feira, agosto 05, 2013 0 Comments A+ a-

Provavelmente sem nos apercebermos, começamos a mentir em casa com as pessoas mais próximas de nós: com os pais (na maioria dos casos). Cedo adquirimos juízos de valor sobre aquilo que se deve ou não fazer para se ser visto como uma boa pessoa e portanto a comunicação vai tentar ao máximo corresponder a esses juízos de valor para se estar no "lado bom" do julgamento do outro. A falta de uma comunicação aberta entre os pais e os filhos, condicionada também pela falta de tempo, vai fazer com que uma série de eventos do crescimento da uma criança sejam vividos pela criança sozinha, sem qualquer apoio, guia ou compreensão de um adulto, em que somente as coisas superficiais são vistas e corrigidas pelos pais. Como também na escola não se dá a devida atenção ao desenvolvimento psicológico da criança (também devido à falta de tempo e ao programa escolar estilo industrial), haverá uma série de palavras, memórias, eventos na vida de uma criança que irão ficar para sempre acumulados num baú da mente que não é partilhado com ninguém. Infelizmente, mesmo na idade adulta, nós não somos ensinamos a lidar com essas memórias ou com essas ideias, embora estas estejam constantemente a surgir nas nossas mentes com um fantasma guardião dos nossos segredos mais fundos.

Aquilo que eu vejo cada vez mais é que o "segredo" pode ser irrelevante - aliás, muitas das vezes só é segredo para a própria pessoa porque é a única que se habituou a ser guardiã de uma reputação que só existe na sua própria auto-definição, - no entanto, a resistência para nos conhecermos a nós mesmos é preocupante e é ainda mais preocupante que não haja uma cultura de honestidade-própria em cada um de nós.

Esta dupla personalidade que se começa a manifestar é então baseada em medo: o medo de não corresponder a uma imagem que os pais parecem desejar ver nos filhos, como se houvesse um holograma projetado no pequeno ser-humano! Enquanto que esse holograma esconde realmente quem o novo-ser é, a criança vai usá-lo como um escudo de proteção para continuar a viver nessa aparência de relação perfeita na presença dos pais, embora por dentro haja uma série de perguntas sem resposta nem entendimento. A partir de certa idade, é dito aos filhos que eles já têm idade para serem responsáveis... Como é que a idade determina um elemento que devia ter sido construído passo a passo? A responsabilidade própria é baseada na capacidade de se conhecer a si próprio, de compreender os seus próprios problemas e ser capaz de encontrar uma solução (mesmo que isso implique pedir a ajuda do outro). Para isso, a base da honestidade própria é essencial, de modo a não rotular as experiências como "boas" ou "más", mas perceber como é que a estabilidade tem de ser criada dentro de si mesmo, sem julgamentos de valor sobre a sua própria vida e aberto à possibilidade de mudar o comportamento em humildade. Esta é a honestidade própria que os pais devem viver como exemplo para que a geração seguinte não passe pela mesma confusão interior que provavelmente os pais passaram no tempo deles.


Como é que seria uma cultura de honestidade-própria entre pais e filhos? Primeiramente, a partir da responsabilidade dos pais em se auto-conhecerem, perceberem de onde é que as suas reações, paranóias e medos vêm antes de projectarem essa "bagagem" no novo ser. Isto é possível através de uma escrita diária para se compreender a mente e re-educar-se a si próprio. O perdão-próprio é extremamente eficaz para abrir várias camadas da nossa mente em honestidade própria e,  finalmente, segue-se o compromisso em mudar-se aquilo que não se vê ser benéfico para si nem para os outros. Ao limparem o seu próprio baú mental, não irá haver julgamento sobre o comportamento dos filhos, porque o julgamento é substituído pela compreensão e, finalmente, pela ajuda a superar qualquer ponto que a criança esteja a manifestar. Para que a comunicação seja eficaz entre pais e filhos, terá de haver uma disciplina em realmente viver-se como exemplo: quantas vezes os pais evitam explicar os problemas aos filhos com base na desculpa de que eles não irão compreender? Provavelmente eles não precisam de saber os detalhes mas no entanto as crianças não são tótós e, mais cedo ou mais tarde, irão questionar-se, por isso é mil vezes melhor que uma relação de comunicação incondicional seja estabelecida com os filhos de modo a que os padrões sejam clarificados e a criança esteja esclarecida em tudo aquilo que vê e ouve.



DIA 244: Nada a esconder

sábado, agosto 03, 2013 0 Comments A+ a-


Quando há alguma coisa que eu hesito em partilhar ou até mesmo a pensar nisso, é um indicador que estou a esconder algo de mim própria. Vejo que há determinadas coisas que não são faladas abertamente porque de alguma forma, durante o nosso crescimento e educação, fomos "ensinados" a não falar disso, ou simplesmente nunca considerámos perguntar-nos de onde é que vem a nossa própria limitação. Obviamente, há certas coisas ou problemas que não adiantam partilhar com os outros porque primeiramente tem de haver um entendimento sobre si próprio e, no final de contas, cada um só se pode ajudar a si mesmo.

Dei por mim recentemente a preencher um formulário da junta de freguesia local (aqui em Londres é o Council) e tive a memória de um amigo meu a ter resistência em partilhar este tipo de informação. Ele tinha as razões (justificações) dele. Perguntei-me então quais seriam as razões para eu não ser transparente e verdadeira nos meus dados pessoais e porque razão haveria eu querer esconder-me de mim própria, visto que se trata dos meus direitos como residente ter uma voz nas decisões locais. Curiosamente, apercebi-me que ao exigir transparência de mim própria então não há qualquer reacção quando os outros (neste caso o Council) exige transparência de mim. Naquele momento de reflexão, apercebi-me que uma das razões pela qual não se quer desvendar os detalhes pessoais é o medo de se ser perseguido por alguma conta que não tenha sido paga, por exemplo. Ou seja, voltamos à questão do dinheiro que nos mantém separados uns dos outros, no entanto, ao ver que eu própria estava a criar esta ansiedade em mim, tomei esta oportunidade para reformular os meus pagamentos, garantir que estava tudo em ordem e tomar responsabilidade pelas minhas obrigações como cidadã.

Depois de ter resolvido este ponto/medo em mim, comecei então a ver que outros temas ou assunto ainda são tabus em mim e sobre os quais eu evito ainda escrever e que eu projecto no meu futuro. A minha mente mostra-me então o medo de ser notícia de jornal e de estar numa posição de ataque pelos media,o que ultimamente é o medo de ser excluída e gozada. De onde é que vem este medo? Este medo foi criado em mim muito provavelmente pela influência dos próprios telejornais e da maneira como as pessoas se permitem tratar e remexer nas vidas das pessoas para criar histórias em nome dos ratings de audiências. Também vejo a ideia de querer ser parte do grupo da escola para me sentir "protegida" dos "outros". Mas acima de tudo, este medo da mente tocou no ponto de eu garantir que me conheço a 100% e que estou estável em mim em relação a tudo aquilo que eu sou, sem nenhuma agenda de medo ou de vergonha de mim própria, ou uma imagem que não seja a minha honestidade própria e o meu próprio exemplo. Assim, independentemente do brainwashing que possa haver, eu mantenho-me estável incondicionalmente, porque não há razão e não há tempo a perder com os medos, paranóias e julgamentos da mente. Ao ser honesta comigo própria eu garanto que sou honesta com os outros e naquilo que eu faço.


Quando se entra no rodopio da mente, há duas hipóteses: ou se mantém a desonestidade própria e "vive-se" na paranóia da mente até à morte (o que não é recomendado) ou se começa o processo de honestidade-própria, responsabilidade própria e de correção. Quando eu me refiro à correção, esta é essencialmente pararmos os pensamentos que temos de nós próprios, as conversas mentais que permitimos ter, os ressentimentos, os arrependimentos, as ideias e os medos que condicionam e limitam a nossa ação. Conhecermo-nos a nós próprios sem nada a esconder de nós mesmos é a única maneira de mudarmos aquilo que aceitamos ser e assim recriarmos o nosso presente e futuro, de modo a não repetirmos os padrões manifestados no passado. O Perdão-Próprio é sem dúvida das melhores coisas que podemos dar a nós mesmos, neste processo de auto-conhecimento e mudança para uma melhor versão de nós mesmos e da nossa própria Vida.


DIA 243: Não há desculpas!

sexta-feira, agosto 02, 2013 0 Comments A+ a-




Estou ciente que tenho a oportunidade de me conhecer em plena claridade e entendimento. Nunca antes, ao longo dos meus 26 anos de existência, tive tanto material de livros, artigos, entrevistas, chats e cursos através dos quais eu me ajudo a auto-conhecer-me e a abrir-me para mim própria. É cada vez mais óbvio perceber quando estou a evitar escrever sobre um tópico, evitar olhar para determinada memória ou evitar viver a decisão de ser assertiva na minha disciplina no meu processo de escrita diária.
Curiosamente, parece que das coisas mais fáceis nesta vida é decepcionarmo-nos a nós próprios, ignorar os nossos próprios princípios, mentirmos a nós mesmos e fazermos o oposto daquilo que é o melhor para nós. Qual é a desculpa para eu ser desonesta comigo própria? Qual é a desculpa para eu querer manter as minhas personalidades activas? Qual é a desculpa para fugir da minha mudança, fugir das minhas decisões, fugir da minha responsabilidade de clarificar a minha mente?

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido estar a escrever separada de mim própria ao pensar no julgamento de quem lê o que eu escrevo.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que o julgamentos que eu projecto nos outros é de facto uma ajuda da minha mente a mostrar-me os auto-julgamentos que não estão resolvidos em mim.
[é fascinante que a palavra auto refere-se a um automatismo e, igualMENTE, refere-se ao eu-próprio]

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido querer ignorar a minha própria decisão de corrigir as desonestidades próprias e a decisão de andar este processo em honestidade própria.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido procurar "desculpas" e justificações para tudo aquilo que eu faço ou não faço, em vez de realmente investigar de onde é que as decisões vêm e quais são as consequências que eu crio para mim própria com base nessas decisões.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido fugir da minha posição de realmente aplicar-me no meu processo e de mudar a minha atitude comigo própria, auto-definições e auto-julgamentos, ao perceber de onde é que estes padrões vêm e me ajudar a resolvê-los através da minha escrita e entendimento. 

Quando e assim que eu me vejo a procurar justificações e desculpas para aquilo que eu faço e para aquilo que eu não faço, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que tenho as ferramentas necessárias para lidar com as resistências e ultrapassá-las por mim por mim e comigo própria, por isso qualquer desculpa não é real. Dou portanto tempo a mim própria para andar estes pontos em mim.

Quando e assim que eu me vejo separada de mim própria e dos outros, ao seguir aquilo que a minha mente me mostra em vez de ver e ouvir aquilo que eu vejo e oiço, eu páro e respiro. Ao estar na mente eu estou separada desta realidade física e isso traz consequências. Por isso, eu dedico-me a ser irresponsável a lidar com a minha mente, a compreender a minha mente, a perceber como é que eu funciono com os outros.

Quando e assim que eu vejo a minha mente a ir em modo "automático" de correria e ideias, eu páro e respiro. Com a respiração, eu dou-me a possibilidade de ver esse pensamento e padrão que existe em mim de me distrair daquilo que é fundamental para mim, e ajudo-me através da escrita a abrir esse ponto em mim própria, sem desculpas da "falta de tempo" ou de outra justificação da mente. Eu comprometo-me a expandir o meu vocabulário, a re-educar-me sobre as palavras, a comunicar em senso comum e me mantenha honesta para com aquilo que é o melhor para todos. 

Eu apercebo-me que tenho esta vida para dar e ser o meu melhor e é neste Processo que eu me foco, logo, sou responsável por cada pensamento que ocorre na minha mente e que potencialmente requer uma mudança para que eu evolua para ser honesta comigo própria. Eu apercebo-me que ao evitar ver os meus próprios padrões e ver os meus pensamentos é ser deliberadamente irresponsável para comigo própria e para com a Vida em mim pois implica que não estou disposta a corrigir-me, quando na realidade este mundo e os seres humanos só têm uma solução: mudarmos para o melhor de quem somos e para o melhor de todos.


Apercebo-me que escrever sobre este ponto me ajudou a abrir novos pontos em mim de auto-motivação para mudar determinadas atitudes e dar-me direção em algumas das minhas decisões que até agora eu havia mantido em stand-bye por não saber como lidar com elas. Não há desculpas para ficar calada dentro de mim. Não há desculpas para eu reagir dentro de mim. Não há desculpas para eu não mudar.


Recomendo:


Living Words - Part 2: Clarity
How do you live the word “clarity”?
What is clarity?
What does it mean to live the word “clarity”?
How can clarity support you in your process of self honesty?


DIA 242: Disciplina para Mudar PRECISA-SE

quinta-feira, agosto 01, 2013 0 Comments A+ a-




Neste meu Processo apercebo-me da tendência de pensar que "voltei à estaca zero", ou  "estou a andar para trás" quando me sinto extremamente cansada fisicamente e apercebo-me que abusei do meu corpo com a aceleração da mente. Curiosamente, nestes momentos tenho tido também o hábito de culpar a minha actividade profissional como sendo demasiado stressante e exigente, mas hoje finalmente realizei que aquilo que eu faço é um reflexo daquilo que eu permito em mim: pensamentos, palavras e ações. Ou seja, independentemente da actividade profissional, sou sempre eu e quem eu sou irá influenciar aquilo que eu faço e como eu faço. O padrão de abuso-próprio por desgaste físico de trabalhar muitas horas seguidas é algo que eu tenho andado a permitir em mim e que está no meu "programa". Vendo bem, cresci a ver o meu pai a trabalhar mais horas do que o normal, a dedicar a sua vida ao trabalho e a fazer mais do que era exigido, e isto para mim ficou registado como sinónimo de sucesso.

Está nas minhas "mãos" mudar este programa que não me é benéfico, de altos e baixos - é de facto uma pressão ridícula que eu coloco em mim própria para exceder na avaliação na empresa embora até lá esteja a comprometer o meu corpo, o meu processo de escrita, a minha aplicação em honestidade-própria e mudança. Para isto, é necessário disciplina para mudar e para que a mudança passe a ser eu e que a minha mudança de atitude para comigo própria integre tudo aquilo que eu faço. Neste caso, é a minha aplicação na mudança do meu programa mental que vai permitir o meu sucesso naquilo que eu faço. É fascinante ver que eu tenho aplicado esta disciplina a seguir o meu programa, sem nunca considerar ser disciplinada em mudar a minha relação comigo própria, a não permitir "pôr mais areia" do que aquela que as minhas mãos conseguem segurar, e em ser constante nesta minha decisão. Ao mesmo tempo, vejo que o processo de acumulação pode ser adaptado para a acumulação de soluções, ao vivê-las em mim e ao mantê-las, caso me sejam benéficas.


Ou seja, eu vejo que tenho as ferramentas todas para lidar com a minha mente, desde que eu me dê direção para realmente mudar dentro de mim, naquilo que eu permito e aceito em mim: se eu aceitar a ideia de sacrificada, o mais provável é criar uma situação em que eu aceite ser vítima do sistema de trabalho, em vez de procurar saber como é que tal sistema me pode ajudar a criar a minha estabilidade. Em vez de ser vítima, eu ajudo-me a ser Vida.

Agora vou-me deitar para viver o meu compromisso de mudar o meu hábito de sono: vou testar deitar-me cedo e acordar com o nascer do dia.


DIA 241: A Paranóia da Comparação

terça-feira, julho 30, 2013 0 Comments A+ a-



Este é um daqueles padrões que se manifesta em vários momentos do meu dia-a-dia, sem contar com as vezes inconscientes em que ocorre já sem eu dar por isso. Por agora, vou escrever sobre aspectos dos quais eu estou ciente quando o mecanismo da comparação se manifesta nos meus pensamentos e, ao tirar estas camadas, muito provavelmente irei abrir novas realizações em mim.

Uma das memórias que eu associo ao padrão da comparação está relacionada com a escolha da carreira profissional - ouvia alguém falar de uma profissão e imediatamente havia um mecanismo de comparação entre mim e essa pessoa, de acordo com o valor que eu dava à suposta posição do outro. Na altura achava que era capaz de ser e fazer tudo - e porque não? No entanto, apercebo-me que essas comparações não foram baseadas numa decisão em honestidade própria, por mim, em senso comum e completa dedicação e muitas dessas potenciais decisões nunca foram vividas ou testadas para eu saber se de facto era isso que eu queria ser e fazer. Apercebo-me agora que as comparações funcionam com a imagem que o outro representa para mim (ser uma pessoa confiante, uma pessoa desinteressante, uma pessoa perspicaz, uma pessoa agressiva, ...) e associo esses traços pessoais à profissão e crio juízos de valor acerca da profissão. A partir destes juízos de valor, a minha mente entra no rodopio da comparação comigo própria, numa luta entre os meus próprios julgamentos e os julgamentos que eu criei dos outros. Afinal de contas, enquanto escrevo sobre este exemplo, apercebo-me que a "profissão" é apenas uma capa que sobre o padrão da comparação e, por sua vez, o padrão da comparação cobre os auto-julgamentos sobre aquilo que eu penso faltar em mim. Ao estar ciente deste conflito interno que eu criei em mim, posso então olhar para os seguintes pontos:
  • O que é que eu admiro no outro que julgo não estar a dar a mim própria?
  • Como é que eu posso verdadeiramente aprender com o outro, em humildade e honestidade própria, sem o ego que querer ser mais do que o outro?
  • Porque é que eu uso o padrão de comparação para deliberadamente julgar aquilo que eu faço e sou como sendo inferior ou superior à outra pessoa?

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido viver o padrão da comparação em pensamentos, palavras e ações, sem nunca tirar esta capa da comparação para ver o que é que podia aprender com o outro e desenvolver em mim que de outra maneira não tinha tido acesso/conhecimento.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido distrair-me com a ideia do "saber", a ideia de acumular informação sobre determinado tópico e o desejo de ficar uma "expert" em determinado campo, em vez de realmente aplicar o conhecimento e a informação que eu tenha ou possa vir a ter para coisas práticas que me ajudem a aperfeiçoar as minha ações e ultimamente ajudem este mundo a funcionar melhor.


Quando e assim que eu me vejo a participar no padrão das comparação em relação a algo que a outra pessoa tenha feito, eu páro e respiro. Eu questiono-me sobre o que é que realmente me "interessa"/fascina no outro e comprometo-me a investigar porque é que eu não estou a dar-me essa característica ou a desenvolver essa capacidade em mim. Ao mesmo tempo, eu comprometo-me a parar a comparação que cria separação e competição em relação ao outro /mim própria e, em vez disso, eu ajudo-me a aprender com o outro,  em total abertura e sem julgamentos de certo ou errado, de positivo ou negativo. Eu foco-me em aplicar as soluções e a mudança em mim própria e por isso é da minha responsabilidade reunir exemplos e tornar-me no meu exemplo que esteja alinhado com os Princípios de Vida que eu me comprometo viver.

A continuar...

DIA 240: "Uns dias abraço-me, noutros ignoro-me" - Subestimar o Processo

segunda-feira, julho 29, 2013 1 Comments A+ a-




SubEstimamos a nossa própria Vida. SubeEstimamos a nossa honestidade própria. SubeEstimamos o nosso corpo. Consequentemente, acabamos por aceitar e permitir subestimar a Vida na Terra, subestimar os outros e subestimar a matéria física que é tudo o que existe. 

É tempo de Estimarmos quem somos.

Especialmente em momentos de grande distração na mente (quando me permito consumir pelas emoções, pelos medos, pelos sentimentos, pelas imagens, pelos pensamentos), apercebo-me que subestimo o meu potencial de caminhar o meu Processo, duvido de mim própria, entro num estado depressivo em que desvalorizo tudo o que eu faço e toda a minha criação. Os efeitos de me permitir separar de mim própria são devastadores  porque os pensamentos que daí advêm são auto-destrutivos e crio ansiedade no meu corpo que, se eu não parar, começo a viver num mundo paralelo de hipóteses sobre um futuro contra mim própria. Pergunto-me: Até que ponto é que eu tenho de ir para me decidir, de uma vez por todas, viver este Processo inteiramente?
Em vez de ficar à espera de um sinal ou de uma resposta vindo de não-sei-onde, eu decido: Agora e Aqui. Até agora tenho subestimado o meu próprio blog, a minha partilha, a minha capacidade de ajudar os outros - e isto só acontece porque ainda não me estou a ajudar a mim própria em plenitude - na verdade, ainda há separação em mim própria e inconsistência na minha atitude para comigo própria: uns dias abraço-me, noutro dias ignoro-me. há dias em que escrevo o perdão próprio fluentemente, outros dias aceito a resistência e não escrevo; há momentos em que estou ciente da respiração, outros não estou aqui.

De seguida partilho o meu Perdão-Próprio sobre os pontos da subestimação do meu processo. Deixo-vos também este vídeo do Bernard Poolman sobre o Abraço a si Mesmo:




Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido subestimar o meu processo de tornar-me ciente de mim, ciente dos princípios de honestidade-própria, ciente de como a minha mente funciona, ciente dos padrões que eu permito em mim e na Vida.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ter dias-sim e dias-não, baseados na memória do que fiz no passado e por isso justifico a preguiça, justifico a procrastinação, justifico o medo, justifico o entretenimento, justifico a falta de direção, justifico a confiança ou a falta dela, justifico a energia... quando tudo isso são escapadelas de mim própria e formas de me manter fechada na minha própria mente.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido subestimar a minha capacidade física de existir aqui em plenitude, possível através da minha própria respiração. O facto de ter tomado a respiração (e a saúde em geral) como algo adquirido é um reflexo do estado automatizado das nossas mentes e consequentemente das nossas acções.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido subestimar o grupo do Desteni, os cursos e todo o apoio incondicional que eu tenho tido ao longo dos últimos quatro anos. Apercebo-me que mesmo quando se tem todas as ferramentas ao dispor, se não houver a decisão e a vontade própria de aplicá-las, é bem provavel de se deixar a vida passar ao lado. Eu apercebo-me que de cada vez que faço um exercício ou que tenho um chat com o grupo é uma nova camada que eu "descasco" no meu processo e uma nova abertura em mim para olhar para novos pontos até estar um e igual com tudo.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido subestimar a minha capacidade de escrever sobre todos os meus pontos da minha mente que têm de ser transcendidos, um a um.

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido subestimar a minha capacidade de parar os pensamentos, parar as minhas paranóias, parar os medos, e começar a escrever sobres cada um deles, começar a ler sobre esses pontos, de investigar em mim a origem do problema que eu criei para mim própria.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido subestimar o meu potencial de resolver os meus problemas, tanto os mais complexos, como os problemas no trabalho, como os desafios do dia-a-dia e das relações com os outros. Afinal de contas, eu realizo que tudo o que se passa comigo na minha relação com os outros é um espelho daquilo que eu permito dentro de mim e portanto funciona como um indicador de pontos que requerem a minha dedicação, correção e aperfeiçoamento.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido subestimar os pensamentos e os julgamentos positivos/negativos através dos quais eu me baseio para tomar decisões, o que demonstra que a liberdade de escolha é de facto inexistente quando permitimos que a mente decida por nós.

Quando e assim que eu me vejo a subestimar a minha capacidade em tornar-me o meu próprio exemplo de senso comum e de honestidade própria e a fazer aquilo que é o melhor para todos, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que este é o Processo nessa direção e que eu sou responsável por garantir que caminho o Processo por mim.

Quando e assim que eu me vejo perante um problema e tenho logo a reação em pedir ajuda, eu páro, respiro e avalio qual é o problema, escrevo sobre isso e ajudo-me a perceber o problema e como é que eu o criei para mim (mais não seja ao complicá-lo). Curiosamente, vejo que preciso apenas de dedicar a minha vontade de ajudar os outros para me ajudar a mim! Em vez de subestimar a minha capacidade de resolver os meus problemas, eu comprometo-me a pelo menos olhar para o ponto em questão e ver como é que eu posso avançar no meu processo de auto-conhecimento e explorar caminho para a auto-correção e mudança.


Quando e assim que eu me vejo a participar na resistência de avançar nos cursos do Desteni e nos projectos do grupo, eu páro e respiro. Apercebo-me que esta resistência é uma sabotagem da mente porque eu não estou "naturalmente" treinada para ir para além do meu conhecimento e dos meus hábitos. Por isso, eu dou-me esta oportunidade de Vida para explorar o "desconhecido" fora da minha mente, aprender  com os exemplos de honestidade própria dos outros que andam este processo um e igual comigo, e decidir em honestidade e direção própria como me criar a cada respiração.

Quando e assim que eu me vejo a respirar em modo automatizado, eu páro e respiro por mim. Quando e assim que eu me vejo a subestimar a ajuda da respiração no meu processo de estar ciente de mim aqui, eu páro e respiro e vejo por mim própria como é que eu sou a cada respiração e a minha capacidade de me dar direção a cada respiração e de curar-me das possessões da mente.
Eu comprometo-me a estar um e igual com os outros seres com base na nossa respiração em comum e na nossa existência aqui.

Quando e assim que eu me vejo a justificar a resistência para não escrever o perdão próprio, eu páro e respiro. Por experiência própria, eu realizo que escrever sobre aquilo que a mente me mostra e escrever o perdão-próprio especifico é das melhores ajudas que eu dou a mim própria. Seguidamente, eu apercebo-me que pôr em prática a correção no momento em que esses padrões surgem é uma redescoberta de mim própria que nunca pensei ser possível.

Quando e assim que eu me vejo a subestimar o perdão-próprio como uma ferramenta essencial no processo de me tornar honesta comigo própria, eu páro estes pensamentos e respiro. Eu realizo que os meus julgamentos sobre o perdão próprio remontam à ideia do sacrifício e da vitimização que nada têm a ver com o processo de abertura pessoal que eu dou a mim própria através do perdão-próprio. Este é uma ferramenta e não um fim em si mesmo.



Quando e assim que eu me vejo em pleno momento de indecisão ou falta de direção, eu páro e respiro. Eu tenho a capacidade de decidir quem eu vou ser a partir desse momento e qual a direção a tomar, visto que eu sou a minha direção. Eu apercebo-me que a indecisão e a decisão com base em emoções são indicadores de que estou a permitir "viver" o programa automático da mente e a permitir ser escrava da mente de ideias e informação acumuladas ao longo do tempo.

Quando e assim que eu me vejo a reflectir sobre a minha atitude e decisões, eu comprometo-me a verificar quais foram os julgamentos positivos e negativos nos quais eu me baseei para tomar a decisão. Isto ajuda-me a perceber quais são os meus apegos emocionais e energéticos às coisas, em vez de tomar decisões com base em senso comum e naquilo que é o melhor para mim e para os outros.


DIA 239: Enfrentar o lado lunar - medo do lado "escuro" da mente e do mundo

quarta-feira, julho 24, 2013 0 Comments A+ a-


Apercebo-me que desenvolvi em mim o medo do escuro e consigo ver como é que esta paranóia se manifesta quando dou azo à imaginação de luzes apagadas. Provavelmente não sou a única a ter desenvolvido este medo visto que este  é ensinado eficazmente através dos filmes, das imagens associadas ao escuro, da música escolhida para acompanhar a cena, da associação da cor preta à morte/luto, dos fantasmas que "surgem" à noite, dos vampiros e toda uma série de pensamentos que criamos na mente quando os olhos estão limitados pela escuridão. Vendo bem, é a mente que está limitada.

A guerra das mentes projetadas no mundo.
Conversei com uma amiga minha que viveu muitos anos nos Estados Unidos e foi interessante ouvir que uma grande parte da cultura americana é baseada no positivismo e na procura de finais felizes e há uma aversão a falar-se das coisas "menos positivas", do "lado escuro da sociedade" que é de facto a actual realidade. Aliás, notícias como aquelas que falam sobre a queda da economia ou a ilusão do crescimento económico são  rotuladas como "deprimentes". Nisto, apercebi-me de duas coisas:
Primeiro, aquilo que se julga por fora é aquilo que se julga por dentro, o que significa que aquilo que nós consideramos como deprimentes é algo que existe em nós mas que não queremos enfrentar;
Segundo, ao trazer este ponto para mim própria, vejo que também eu desenvolvi um mecanismo de proteção que evita enfrentar o escuro da mente. Porquê? Apenas porque me habituei a ser escrava na minha própria mente, acreditei que sou a mente, acreditei em tudo aquilo que eu vi na televisão e nos filmes e, essencialmente, aceitei a mente como sendo o meu destino.
Só agora me começo a aperceber que posso mudar a minha vida ao re-educar-me para ser a solução para mim própria em honestidade própria, em tudo aquilo que eu faço e que eu sou. Começo então por investigar porque é que há certos tópicos que eu tenho ainda aversão em pensar, conversar e escrever sobre isso, e este é um indicador da relevância desse ponto no meu processo e de como me será benéfico abrir esse ponto em mim. Isto mostra também que eu estou a resistir ver-me completa-mente, ver as honestidades e as desonestidades, e por isso ando na corda bamba, a tentar controlar as desonestidades em vez de me curar e tornar-me honesta comigo própria em tudo e sempre.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que a resistência para falar de determinados tópicos vistos como "deprimentes" ou vistos como "negativos" é real. Em vez de viver essa resistência, eu posso investigar a razão pela qual eu julgo algo como negativo ou deprimente e como é que o julgamento me impede de ver o senso comum para além da mente. Eu apercebo-me que é também da minha responsabilidade não participar no positivismo da mente, não participar nas conversas de chacha e não alimentar o facilitismo da mente, e que é da minha responsabilidade entender como é que estamos a criar a nossa própria realidade contra nós próprios porque queremos viver numa lalaland que só existe na mente como fuga aos problemas que afectam tudo e todos nesta realidade.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido participar na resistência da escrever sobre as conversas da mente que afectam a minha estabilidade própria e que afectam a minha relação com as outras pessoas.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido desprezar os medos e as imagens que a minha mente me mostra com se quisesse fugir de mim, em vez de aproveitar para investigar os padrões por trás dos pensamentos, medos e imagens de modo a limpar-me dos padrões e criar a minha confiança ao parar de criar uma realidade contra mim própria baseada dos medos e imagens da mente.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido alimentar a mente num automatismo e rotina e distrair-me da minha responsabilidade de questionar a mente, compreender a minha mente e mudar a minha mente para que os meus pensamentos e acções sejam baseados em unidade e igualdade e que tanto os pensamentos e as ações sejam o melhor para mim.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido criar diálogos "negativos" ou "positivos" dentro de mim projectados naquilo que eu penso que outras pessoas vão dizer. Apercebo-me que estes diálogos bipolares são um espelho daquilo que eu penso de mim própria e vejo então que eu estou constantemente a reprimir/suprimir/criticar-me/julgar-me e que tal atitudes comigo própria não me ajudam a recriar a minha relação comigo própria de auto-correção, compreensão e amor-próprio. Apercebo-me que eu sou a minha melhor amiga no sentido de só eu me poder ajudar a ser honesta comigo própria e a motivar-me para viver os princípios de vida.

Quando e assim que eu me vejo a pensar num tópico e criar o diálogo na minha mente de "é um tópico demasiado grande para ser tratado", ou "eu não sei como resolver este problema na minha mente", ou "ainda não estou preparada para lidar com este padrão", eu páro e respiro.
Quando e assim que eu me vejo a pensar que irei ter mais oportunidades no futuro para enfrentar este ponto em mim, eu páro e respiro. Eu vejo que ao procrastinar o meu processo, eu estou de facto a criar mais sofrimento em mim própria e estou a adiar a minha honestidade própria que é a minha libertação da mente.

Quando e assim que eu vejo que o meu ponto de partida para adiar falar de um tópico é baseado no backchat de que não estou preparada para lidar com o ponto porque este é enorme, eu páro e respiro. Eu compreendo que o ponto em si tem várias camadas e que eu terei de andar este processo passo a passo, camada a camada, e portanto qualquer ideia de querer resolver um padrão de um dia para o outro é simplesmente um mecanismo de proteção da mente para eu nem sequer começar a ver as camadas e começar o processo de correção em relação a esse ponto.

Quando e assim que eu me vejo a criar diálogos que são a julgar (positivamente ou negativamente) algo que eu tenha feito ou dito, eu páro e respiro. Em vez de me "massacrar" com as memórias da mente, eu  comprometo-me a ver em senso comum o que é que eu disse e, caso haja algo que eu veja que podia ter sido melhor, então eu tomo este exemplo como um passo no meu processo de auto-correção e comprometo-me a aplicar essa correção a partir desse momento. Eu apercebo-me que os mesmos padrões manifestam-se em vários aspectos da minha vida, portanto, ao lidar com esse padrão eu serei capaz de me ajudar e auto-corrigir em vários ambientes e situações do meu dia-a-dia.
No lugar de rejeitar aquilo que a minha mente me diz ou mostra, eu comprometo-me a abraçar a mente como sendo a chave da minha própria libertação porque ao ver o problema/julgamento eu serei capaz de começar a criar a solução dentro de mim. Se a mente me mostra as minhas desonestidades próprias, então eu posso começar a perdoar cada uma das desonestidades próprias. Através do perdão próprio, eu começo a fazer as pazes comigo e abro caminha para recriar o potencial de vida que há em mim.

Quando e assim que eu me vejo fascinada com as imagens coloridas nos media e com as palavras de motivação usadas para vender uma felicidade temporária, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que a vulnerabilidade aos media ou aquilo que me é dito (e à maneira como me é dito) é um indicador da influência que eu permito que estes meios de comunicação tenham sobre mim. Eu comprometo-me a permitir-me estar um e igual ao mundo à minha volta e por isso estar estável, permitir-me questionar-me sobre aquilo que eu vejo e oiço e manter a minha integridade nas minhas decisões e que estas sejam baseadas nos princípios da igualdade, da unidade, da respiração, do bem-estar físico, da honestidade própria e daquilo que é o melhor para todos.


Apercebo-me que qualquer decisão baseada em emoções negativas ou emoções positivas será continuar a alimentar a mente de polaridade, de comparações e de imagens, e isto não traz qualquer progresso no meu Processo de me Tornar Honesta Comigo Própria e Viver os Princípios de Vida. Eu apercebo-me também que não estou aqui para copiar as vidas que foram "vividas" pelos outros porque simplesmente isso anula qualquer possibilidade de mudar esta realidade para melhor do que aquilo que actualmente existe. Eu comprometo-me a viver a realização que esta realidade é deprimente, tem problemas e ainda não é um paraíso para todos e estes são os indicadores que comprovam que há muita coisa a mudar, a começar na minha própria mente.



DIA 238: De volta ao básico: Porquê o sexo?

segunda-feira, julho 22, 2013 0 Comments A+ a-




Há perguntas que cada um de nós pode fazer a si próprio para se conhecer melhor na sua relação com o sexo:
Porquê fazer sexo? Quem é que eu sou no sexo? Como é a minha relação com o meu corpo durante o sexo? O que é que eu julgo no sexo? O que é que eu procuro no sexo? O que é que eu gosto no sexo?

Já alguma vez te colocaste estas questões, ou terá sido o sexo introduzido nas nossas vidas na turbulência da adolescência e aceite como uma pressão da sociedade?
Eu comecei a questionar-me sobre estas dimensões do sexo no Agreementcourse e desde então tenho investigado e escrito sobre a relação que eu criei com o sexo e a relação com o meu corpo. É curioso ver que, apesar do corpo ser quem nós realmente somos, muitos dos tópicos relacionados com o físico do ser humano são suprimidos na nossa comunicação ou abusados na mente com imagens. Por isso, ao escrever para mim própria sobre este tema , tem sido uma caixa de Pandora que tinha ficado algures perdida na infância, altura em que não julgávamos o corpo ou o sexo como certo ou errado até ao momento em que começámos a copiar as manias e tradições da sociedade em que crescemos.

Voltemos ao título: Porquê o Sexo?
Para explorar esta  pergunta, tomemos o exemplo do mito que as mulheres fingem orgasmos para satisfazerem o ego do homem (!). Parece um pensamento retrógrado mas é importante que tanto as mulheres como os homens se questionem sobre o ponto de partida para fazerem sexo. Será que o ponto de partida de dar prazer ao outro não é de facto uma forma de interesse-próprio, porque por trás disso está o medo de se perder o parceiro? Isto é desonesto consigo próprio pela limitação que esta dependência mental provoca, em que se é escravo/a do medo de se estar sozinho. Por sua vez, o medo de se estar sozinho é o medo de se estar consigo próprio e de enfrentar a sua própria mente. Por tanto, dar prazer ao outro em honestidade própria é uma entrega incondicional, sem desejo nem medo.  E ainda, fingir-se a expressão corporal para manter os egos felizes é um desperdício de tempo e só mostra como o nosso sexo/ideia do sexo/ponto de partida do sexo é limitado nas nossas mentes.
Sobre o ponto de partida do sexo, podemos dizer também que a intimidade sexual é um momento de partilha e de confiança, em si próprio e no outro, e que através do sexo se descobre um bocadinho mais de si próprio, permite-se estar no físico, ultrapassam-se medos e papões, e permite-se estar vulnerável. Infelizmente, no nosso mundo actual são talvez poucos os lugares e os momentos em que nos permitimos estar plenamente cientes do nosso corpo, vulneráveis, entregues ao outro corpo, sem medo da dor, sem medo da perda... Vejo o sexo como um processo de auto-conhecimento e aperfeiçoamento e de transcendência dos medos que em frações de segundos invadem as nossas mentes.

Como é que foi possível tornarmos algo com tanto potencial, como o sexo, num tabu e numa coisa abusiva?
A pergunta que merece também atenção é: - será que sabemos o que o sexo realmente é, sem imagens da mente, sem memórias, sem desejo de um orgasmo, sem expectativas, sem arrependimento, sem a procura da energia acumulada na mente? Será que alguma vez nos comprometemos a limpar a nossa mente?
O sexo também não é baseado em conhecimento. Por muitos livros que se leiam, há pontos da mente humana que têm de ser interiorizados, entendidos, perdoados, mudados e recriados em cada um de nós.

Vamos então regressar ao básico do nosso corpo: e para isso, começamos por respirar. Já alguma vez te focaste na tua própria respiração? E na respiração do outro? E se este fôr o ponto de partida do sexo: a igualdade dos corpos, a igualdade da presença e a descoberta de si próprio.


Numa sociedade em que a maioria das pessoas cresceu ou contactou com a religião católica, faz sentido questionarmo-nos também sobre o ponto de partida da procriação. Irei muito provavelmente dedicar um blog para este tema, mas a meu ver é necessário colocar-se as tradições à luz da realidade. Em plena crise económica, talvez não seja o mais indicado ter-se muitos filhos sem que as condições de vida sejam garantidas e por isso é importante que haja o mínimo de senso comum e de responsabilidade própria. A ideia da procriação, como a palavra indica, implica uma pro-Criação, ou seja, um progresso, um upgrade dos pais e uma evolução da vida. No entanto, parece ser contraditório que as pessoas sejam capazes de criar uma melhor versão delas próprias sem primeiro se conhecerem plenamente.