DIA 201: Pergunto-me (PERGUNTA-TE): Quem é que eu me quero criar?

terça-feira, abril 30, 2013 0 Comments A+ a-


Este é o processo de auto-criação. Respiro de cada vez que me apercebo desta responsabilidade para comigo própria. E este pensamento surgiu quando dei por mim a adiar levantar-me da cama. Estava bem, relaxada e sabia que aquilo que eu me tinha proposto fazer era escrever este blog - daí a resistência, porque ao escrever sobre os meus pontos eu estou a desafiar a minha mente de secretismo, estou a descobrir camadas dentro de mim, estou a descrever-me, estou a ajudar-me a conhecer-me e a dar-me direção no sentido da honestidade-própria. Por isso pergunto-me (PERGUNTA-TE): - sabendo a responsabilidade de me criar a cada momento, quem é que eu me estou a permitir ser? Ao participar no padrão de adiar escrever no meu blog, que vicio estou a permitir criar dentro de mim? E ao criar o vício de deixar para depois, como é que eu posso confiar em mim de que irei realmente fazê-lo? Se eu decidi escrever o meu blog, porque é que eu estou a contrariar a minha própria decisão?


Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que no momento em que eu permito a minha mente tomar conta da minha decisão eu estou a desistir de mim própria, da minha decisão de me recriar como Vida, da minha oportunidade de mudar para uma melhor versão de mim própria.

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ir para a cama ciente que estava a dar descanso a mim própria e que depois me iria dedicar à escrita - em vez disso, apercebi-me que fui para a cama como se fugisse de mim própria e me escondesse de mim! Como se quisesse fugir da pressão que eu criei para mim própria, em vez de ver que eu não preciso de criar pressão em mim própria para fazer algo, e que de facto esta pressão é apenas um indicador da resistência!! Apercebo-me que para viver a minha decisão eu páro a mente dos pensamentos que possam surgir, respiro e movimento-me fisicamente.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido hesitar em levantar-me da cama com base na ideia que "lá fora" está frio e que estou menos confortável. Nisto, eu apercebo-me que basta-me tomar a decisão de me dar o calor (com roupas quentes) e de recriar o meu conforto fora da cama, por exemplo ao sentar-me numa posição confortável a escrever. Ao mesmo tempo, apercebo-me que o conforto que eu penso ter não é real.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido usar a desculpa de "já é tarde para escrever, tenho de me deitar porque amanhã acordo cedo" e assim continuar a culpar a "falta de tempo" para eu escrever o meu blog ou me dedicar ao meu processo (exercicios do processo). Nisto, eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido aplicar no meu dia-a-dia a praticalidade de planear o meu tempo para garantir que não crio expectativas em mim própria nem que crio decepções para mim própria. Nisto, eu comprometo-me a planear a minha noite de modo a dar-me tempo para escrever diariamente, sem estar exausta nem a "despachar".

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido hesitar no meu processo de criação - eu estou ciente que tenho neste momento as ferramentas que me ajudam a ultrapassar a hesitação, as resistências, os medos, a sensação esmagadora de quando "sinto" que tenho muita coisa para fazer - as ferramentas são a escrita, o perdão-próprio, a respiração, o desacelerar da mente, e permitir-me estar aqui ciente do que se passa em mim e à minha volta, e viver fisicamente o meu compromisso comigo própria de me corrigir/mudar quem eu sou e aquilo que eu faço.

Quando e assim que eu me vejo a desejar ficar na cama mais um bocadinho sem de facto garantir que irei viver a minha decisão de me dar direção, eu páro o conforto da mente e respiro.
Quando e assim que eu me vejo a participar no adiamento de viver a minha decisão, eu páro e respiro.
Vejo que esta resistência da mente é uma redflag que eu posso usar como uma referência para ver que estou a permitir participar na mente em vez de confiar em mim e viver a minha decisão de levantar / escrever / dedicar-me a alguma coisa nova.

Eu apercebo-me que quando participo na mente de medo e de hesitação física para escrever ou me dedicar a fazer uma coisa nova é a mim que me estou a trair, porque momentos antes havia decidido avançar. Nisto, eu comprometo-me a recriar a minha confiança a planear as coisas - para isso, em vez de pensar sobre aquilo que eu vou fazer, eu trago essa ação para mim própria e considero aquilo que eu faria se o momento da ação fosse agora. Apercebo-me que o meu processo de criação passa por criar soluções para mim própria e em ser/viver a minha solução a aplicar as soluções de forma disciplinada e ciente de mim própria. Apercebo-me finalmente que este processo de re-criação é um processo de me re-educar a viver comigo própria e com os outros, de me re-educar a tomar conta de mim, de me re-educar a ser honesta comigo própria, de me re-educar a escrever sobre todos os pontos que eu enfrento, de me re-educar a não ser dura comigo própria, de me re-educar a ser assertiva comigo própria, de me re-educar a tomar decisões que sejam o melhor para mim, de me re-educar a confiar em mim própria e garantir que realmente vivo o meu compromisso de Vida comigo própria.

Vídeo onde partilho como lidar com as resistências da mente:






DIA 200: A auto-derrota mental

sexta-feira, abril 26, 2013 0 Comments A+ a-


Foi "preciso" passar pelo desespero/stress de bater no fundo para decidir parar este padrão. Lembro-me de ouvir um Professor da faculdade dizer que às vezes era preciso bater com a cabeça na parede para aprender e ver a parede que está mesmo à nossa frente - neste caso não se trata de uma parede física mas de uma barreira mental que me bloqueia a visão. Ontem dei por mim a ver o diálogo da minha mente sobre "Isto é demais para mim", "não consigo" e a tentar encontrar justificações na mente para defender esta reação interna - a verdade é que, mesmo que eu culpe algo ou alguém, a raiva continua em mim e é a mim que estou a prejudicar (e consequentemente os outros/o mundo à minha volta claro). No seguimento desse diálogo auto-derrotador, eu perguntei-me: - mas porque é que quando eu falo com os outros quero dar a entender que está tudo bem e que é tudo mais simples, mas depois na minha mente penso que é tudo em demasia e muito complicado (referia-me aqui à minha carga de trabalho semanal). E nesse momento vi que eu não precisava de alimentar este diálogo dentro de mim, nem de me "mandar abaixo" ou pisar-me, e é este o efeito que estes pensamentos têm em mim - repisar nas decisões, repisar naquilo que me é dito, repisar sobre aquilo que eu fiz ou não fiz, e continuar a bater na mesma tecla em auto-destruição. E isso é demais; torna-se tudo mil vezes mais complicado e parece que o mundo está contra mim  (claro que para aqueles cientes do Processo percebe-se imediatamente que este "mundo" é o espelho de mim própria.)
Por isso, naquele momento decidi deliberadamente parar os pensamentos e ver o que é que acontecia ao pará-los - experienciei então  leveza, como se tivesse pousado uma mala e continuásse a andar -  e continuei a andar, porque de facto não preciso destes pensamentos da mente e sou capaz de ver as coisas sem (me) complicar.

Não me lembro da altura em que os pensamentos de derrota se instalaram em mim mas apercebo-me que é um programa automático para o qual eu tenho tendência de ir. Por isso depende de mim parar esta tendência e dar-me direção a cada momento para não cair na derrota mental.
Esta é também aquele tipo de derrota que surge antes mesmo de começar alguma coisa - pensar que é demais sem sequer tentar uma solução.
No próximo artigo irei partilhar o meu perdão-próprio e plano de como corrigir este padrão em mim.

Ilustração: 'Characters Creating Anger' by Andrew Gable


DIA 199: Desacelerar a mente em Portugal para evitar o "programa automático da mente"

quarta-feira, abril 17, 2013 0 Comments A+ a-


Aproveito a semana em Portugal para enfrentar em real-time os vários pontos associados a locais, pessoas, memórias e padrões que ainda se manifestam em mim. Uma coisa que noto diferente em mim é a estabilidade e rapidez ao aplicar as ferramentas do perdão-próprio e da respiração quando me deparo com os pontos. No entanto, ainda há desleixo na minha disciplina e exemplo disso foi ter ficado alguns dias sem publicar no meu blog (apesar de ter sempre um bloco de notas comigo). 
Apercebo-me que a única maneira de me aperceber dos padrões e ver as coisas como elas são (sem a interferência de memórias ou hábitos do passado ou ideias de "é sempre assim") é a desacelerar a mente para evitar ir para o "programa automático da mente", que funciona à base de imagens e projecções de um futuro imaginado. Logo na primeira noite em que cheguei, fui a um evento e apercebi-me de como as pessoas aqui parecem olhar fixamente, algo que em Londres me parece menos comum. Por outro lado, vejo que este inicio de preocupação ao ver alguém a olhar para mim é de facto uma projeção minha, sobre qualquer coisa que eu possa pensar que o outro pense! Isto é o cúmulo da distração. Ao trazer o ponto para mim própria, apercebi-me daquilo que a minha mente se andava a entreter e foi mais fácil parar os pensamentos, respirar e estar presente, focada naquilo que eu estava a fazer.
Outro ponto que me apercebi à chegada foi a minha falta de paciência, ponto que ainda estou a trabalhar em mim. É como se quisesse impor nos outros a minha disciplina, em vez de me focar simplesmente em ser o meu exemplo a cada momento - disciplina não implica levantar a voz nem ser rígida ou inflexível - implica viver as minhas palavras, fazer aquilo que tenho a fazer por mim, garantir que sou honesta comigo-própria e, para isso, ser clara na minha comunicação com os outros, mas sem o intuito de criar separação.

Photo: A descontração Lisboeta, em frente ao Palácio da Ajuda. Joana Jesus 2013

DIA 198: O que eu permito acumular em mim

sexta-feira, abril 12, 2013 1 Comments A+ a-


Hoje vi/enfrentei a consequência de manter o backchat da mente activo, ou seja, alimentar as conversas internas da mente que se acumulam em relação a algo ou a alguém e, sem me dar conta, começaram a ser trazidas cá para fora. Revi-me numa situação de "fazer queixinhas", como se tivesse acumulado uma série de experiências e naquele momento estava a contar o meu ponto de vista. O caso em questão é irrelevante porque isto passa-se entre amigos, familiares, casais, conhecidos, colegas e até mesmo desconhecidos. Depois de ter falado com o meu colega sobre a situação que eu andava a acumular em mim, apercebi-me que se tratava de falar nas costas do outro e senti vergonha. É incrivel como a mente passa da polaridade de controlo vs vergonha, em constante entretenimento de auto-julgamentos, em vez de ver o que se passava na minha relação comigo.

Eu pergunto-me: - Porque é que eu não escrevi sobre a situação que me estava a incomodar, para primeiro investigar por mim o problema e escrever as respostas e a solução para mim própria?
Porque é que aceito acumular o backchat em relação ao outro se na realidade é a mim que estou a dificultar o meu processo, pois estou agarrada à mente?
Escrever sobre o backchat iria ajudar-me a ver quais são os julgamentos que eu estou automaticamente a projectar no outro.

No momento em que eu trazia esta história cá para fora, apercebi-me da minha posição de vítima, como se quisesse que o outro me desse razão e me protegesse do "mauzão".
Por breves momentos eu apercebi-me que estava a seguir a mente dos julgamentos e no fim da conversa reparei que aquilo que eu tinha visto tinha sido de facto pontos que eu posso melhorar na minha relação com aquilo que eu faço, com os outros e o as minhas práticas de trabalho. Apercebo-me que não foi responsável da minha parte pôr o backchat cá para fora sem  ter primeiro investigado estes pontos em mim própria, estudar soluções e ver os padrões. E são estes os padrões que eu tenho aceite e permitido na minha vida são os padrões que têm condicionado a minha vida, caso contrário não tinha levado a peito relação com o meu colega.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ser motivada pelo desejo de atenção e por isso querer partilhar o backchat como uma vítima, em  vez de dar-me direção e recriar um plano para resolver esta relação comigo (projectada no outro).

Nisto, eu comprometo-me a escrever sobre o backchat quando eu vejo a acumular-se em mim e a perdoar os julgamentos da mente que eu ainda alimento ou acumulo em relação a algo ou alguém. Eu apercebo-me que a  minha estabilidade é incondicional e que, ao ver estes padrões através da minha relação com o outro, pode funcionar como um espelho para eu perceber as personalidades/pensamentos/ideias que eu permiti acumular em mim e que portanto eu sou responsável por corrigir em mim.

DIA 197: Desde quando aceitei o papel de sacrificada? Para quê? Por quem?

quarta-feira, abril 10, 2013 0 Comments A+ a-


Esta noite tive um sonho estranho no qual eu estava disposta a sacrificar a minha vida e que eu tinha aceite esse papel de sacrificada, como se isso fosse salvar o resto das pessoas. No entanto, no momento em que supostamente iria suicidar-me pensei "Espera lá, porque é que eu estou a fazer isto? Porque é que estas pessoas aceitam que haja um sacrificado?" E decidi sair e fugir daquele lugar. Apercebi-me que só no momento em que o plano ia para a frente é que vi a gravidade da situação.  Ou seja, tinha aceite tomar uma decisão sem realmente considerar aquilo que eu estava a criar para mim própria. Para além disso, ao escrever sobre o sonho esta manhã vi também que eu pensava que eram os outros que aceitavam haver um sacrificado! Ora, se primeiramente eu não aceitasse ser "a sacrificada" não haveria sequer a aceitação dos outros - portanto, tudo começou no momento em que eu ACEITEI que houvesse um sacrificado e em que eu ACEITEI ser "a" sacrificada, que é baseada na ideia de pensar ser diferente dos outros - mais corajosa e, simultaneamente, merecedora da morte para salvar os outros. WTF!

Ao trazer este ponto para o meu dia-a-dia e para a minha realidade actual, vejo de facto pontos em que eu considero ser capaz de aguentar mais do que os outros - trabalhar mais horas, fazer mais projectos, acarretar mais responsabilidades. Mas será isto uma decisão/direção minha, ou é baseado na ideia que eu me posso dar ao luxo de sacrificar a minha vida? Porquê/quando é que eu aceitei desconsiderar-me desta maneira? Desde quando aceito e permito este suicídio em mim? Este sistema mental é tão bem feito que eu justifico o meu sacrifício com a ideia de que faço-o pelos outros e porque não posso desapontar os outros, quando afinal fui eu quem criou este estilo de vida para mim própria. Por isso o perdão próprio é o perdão sobre aquilo que permitimos e aceitamos em nós próprios, e estas aceitações e permissões estão às vezes tão enraizadas que já não consideramos ser diferentes ou conhecermo-nos de maneira diferente.

E depois foi a fúria, porque me sinto chateada comigo própria por não ter feito as coisas de maneira diferente. E o desapontamento comigo própria por não ter considerado os vários pontos e ter sido honesta comigo própria.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar em mim como aquela que é capaz de fazer aquilo que mais ninguém quer fazer, o que eu vejo ser baseado no ego de querer a atenção dos outros e um momento de "fama".

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar/pensar que a minha vida é observada pelos outros e que eu tenho de corresponder às expectativas, embora eu vejo que tais ideias existem em mim porque eu as aceito.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar que é errado não corresponder às expectativas dos outros, quando afinal a expectativas "dos outros" têm origem na minha própria mente. Por isso,  eu comprometo-me a parar a mente das expectativas e dedicar-me a considerar os vários pontos envolvidos na minha direção e garantir que o faço por mim em plena responsabilidade própria.

Quando e assim que eu me vejo a participar nesta ideia de ser "a sacrificada" porque sempre foi assim e porque saio a pessoas da minha família que também são assim, eu páro e respiro. 

Comprometo-me então a aprender com os outros a não seguir a mesma mentalidade e a não participar na relação de sacrifício na relação com as outras pessoas. Eu realizo que a minha vida é aquilo que eu permito e aceito ser por dentro (pensamentos) e por fora (ações), comigo e com os outros, e que portanto, a minha vida depende daquilo que eu aceito e permitido para mim e para a minha realidade.

Eu comprometo-me a focar-me no meu bem-estar primeiramente, ciente que sou responsável por cuidar de mim a cada momento da minha Vida, passo a passo. Dedico-me também a praticar tomar decisões em senso comum tendo a certeza que não me prejudico de maneira nenhuma e que corrijo padrões de comportamento para me ajudar a estar um e igual com a Vida Aqui, que eu (todos) somos.


DIA 196: O stress da indecisão

terça-feira, abril 09, 2013 0 Comments A+ a-


Durante o fim-de-semana observei-me através de outra pessoa - o que eu quero dizer é que vi uma atitude noutra pessoa que eu própria já experienciei e foi frustrante observar esta personalidade da indecisão! Para quem "sofre" desta dificuldade em tomar decisões espontâneas, talvez seja interessante ver um episódio do TheVoice UK na qual a cantora demorou quase meia-hora (o que na TV é mesmo muito tempo) para decidir o o seu mentor musical. O mais interessante foi ver que nessa altura do programa ela já sabia que tinha passado à fase seguinte, e aquilo que seria aparentemente o mais fácil, ela tornou numa coisa complicada. - Onde é que eu já vi isto!

Pessoalmente, ao ver o episódio da indecisão, apercebi-me das consequências da participação na mente - compromete-se o nosso tempo, o tempo dos outros, alimentam-se os diálogos na mente sobre "é isto", "não, afinal já não é", "e se eu for por aqui", "se calhar faço melhor escolher o outro", "porque é que não posso ter tudo", "não sou boa a escolher", "da última vez escolhi mal", etc etc etc...

Aquilo que eu vejo e que também me tenho apercebido a lidar com o ponto da tomada de decisão é que a indecisão não tem as ver com as escolhas disponíveis, mas que tem a ver com a confusão que se passa dentro das nossas mentes. Ou seja, a indecisão é um reflexo de uma série de padrões com que a mente anda ocupada e que não conseguimos ver o senso comum daquilo que é o melhor para nós próprios, porque nos permitimos estar submersos na insegurança e no medo de "falhar".

No caso da cantora, ela estava a fazer aquilo que queria, tinha conseguido (en)cantar o júri e mesmo assim criou uma situação de insegurança na sua tomada de decisão final. Aquilo que aparentemente seria uma felicidade tornou-se num tormento... Onde é que eu também já vi (e ainda vejo) esta cena? Coisas do meu dia-a-dia que são simples mas que se tornam complicadas - por exemplo, às compras - a indecisão entre gastar dinheiro naqueles sapatos ou não... Ou em comprar o Fair trade, apesar de ser mais caro? Ou a indecisão sobre aquilo que eu vou comer quando há multiplos pratos na ementa... Coisas pequeninas que na minha mente se tornam gigantes, como se a preocupação tivesse uma lugar que tivesse de ser continuamente ocupado dentro de mim. Depois há as "grandes decisões" que têm a ver com a carreira por exemplo - "que curso é que vou seguir?" E depois da escolha ter sido tomada "- será que fiz a escolha certa?", "Será que vou gostar? "...

 Curiosamente, nesse mesmo dia saiu uma entrevista na Eqafe exactamente sobre o tópico de Evitar tomar decisões e que me trouxe uma nova perspectiva sobre o cenário que eu crio/nós criamos para nós próprios em relação às decisões.
Um dos conselhos dados na entrevista é: Não tomar decisões apenas com a mente. Isto porque a mente não considera a realidade física, as várias coisas envolvidas, o ambiente, o momento, o contexto,  e por isso não considera aquilo que é realmente o melhor para nós. A mente apenas as personalidades, o interesse-próprio, os medos, as experiências passadas, os traumas, os desejos...  Há então este conflito interno, como se houvesse esta voz divina dentro de nós a dizer "leva isto"... "era melhor ter levado o outro", quando afinal não temos necessariamente de criar tal instabilidade dentro de nós. Este diálogo interno pode tornar-se obsessivo e, nos momentos em que é demais, o melhor a fazer é escrever num papel as várias possibilidades que vemos, as razões, os medos associados, e perceber quais as condições que estamos a impor a nós próprios. Pela minha experiência, em momentos de decisão eu acabo por imaginar as várias saídas para cada possibilidade e tomo uma decisão com base numa imaginação que não é real (imaginação baseada na mente de medos, desejos e ideias),  em vez de procurar perceber o que é que realmente "está em jogo" e procurar a melhor escolha. Quando a decisão se torna num bicho-de-sete-cabeças é sinal de alarme pois estamos a ver a situação apenas pela mente (imagens baseadas em medos, experiências passadas, informação, desejos, interesse-próprio) em vez de considerarmos a situação realista à nossa frente, em senso comum e honestidade própria.

Uma coisa que é importante ter em conta é a nossa responsabilidade por cada decisão que tomamos e de facto abraçarmos as consequências das nossas decisões. Frequentemente a palavra Consequência é associada a coisas negativas, quando afinal a consequência é um acontecimento que segue ou é resultado de outro. Quando toca a decisões, qualquer decisão que tomamos é um movimento, é uma direção que estamos a dar a nós próprios e somos nós que estamos em controlo das nossas próprias vidas. Apercebo-me também que não existem decisões erradas ou certas, mas que é um processo de dedicação e de nos comprometermos a viver o nosso potencial/a melhor versão de nós próprios. Em responsabilidade própria somos capazes de nos dar direção/decisão a cada momento para nos aperfeiçoarmos e aperfeiçoarmos a nossa tomada de decisão e as nossas decisões, para garantirmos que construímos a nossa auto-confiança com a certeza que fazemos aquilo que é o melhor para nós, tendo em conta a realidade/os outros/as várias possibilidades.

Leiam também o Perdão-Próprio e as afirmações de auto-correção sobre a Tomada de Decisão em: http://joanajesus-renascendo.blogspot.com/2013/02/dia-175-medo-de-tomar-decisoes.html



DIA 195: A mania de apreciar "os outros"

segunda-feira, abril 08, 2013 0 Comments A+ a-


No seguimento do meu fim-de-semana mais silencioso do que é habitual, dei por mim a não participar nas conversas de cerimónia e para "manter a relação", embora não tivesse sido necessariamente por escolha própria, mas porque tinha de evitar esforçar a boca/gengiva. Agora que recupero, apercebo-me que não quero participar nesta mania de conversas para apreciar o outro - exemplo típico é pensar que se não falar com a outra pessoa esta vai pensar que eu estou chateada com ela! Obviamente, esta é uma projeção minha e é este o ponto que eu me vou focar e vou esta atenta ao meu ponto de partida quando comunico: será que estou a partilhar coisas práticas, ou estou desabafar um ponto que ainda nem eu própria olhei para ele, ou será que estou a falar para ter a aprovação do outro, porque me sinto inferior, ou porque penso precisar da atenção do outro, ou porque é "chato" haver silêncio?


Ultimamente tenho visto uma série chamada The Big Bang Theory na qual um dos jovens cientistas não corresponde às expectativas sociais de evitar ser-se direto ou mesmo ser-se simpático - em vez disso, ele comunica as coisas como elas funcionam fisicamente, sem emoções nem apegos. É uma comédia e leva a situação ao extremo, mas dá que pensar como as relações conseguem ser superficiais em nome de supostos papéis que cada um de nós representa - E não seremos realmente todos ensinados a sermos actores e a aceitarmos os papéis que melhor posição social nos dão naquele momento específico, com aquela audiência, naquele lugar...

Umas das principais consequências que eu estou neste momento a enfrentar é a gestão do meu tempo, especialmente quando momentos de conversa rotineira passam à minha frente e eu ainda não consigo simplesmente explicar que não tenho tempo. Em vez disso, acabo por comprometer a minha vida ao pensar "São só mais 5 minutos" quando na realidade eu não estou a ser honesta comigo própria nem com a outra pessoa.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido julgar que vou ser mal interpretada se eu não participar na conversa com a outra pessoa e simplesmente disser que não tenho tempo naquele momento.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar que vou estragar aquele momento se eu for responsável por parar de alimentar o momento de boa disposição e partilha, em vez de ver que é uma tomada de direção simples e que não é nada pessoal em relação ao outro.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ter medo de ser vista como uma desmancha prazeres, quando em honestidade própria vejo que é a mim que eu estou a comprometer a minha disponibilidade e o meu tempo.

Quando e assim que eu me vejo a manter uma conversa somente por ter medo/vergonha/resistência para parar a conversa e dar-me direção, eu páro e respiro. Ao respirar, eu dou-me a oportunidade de voltar a mim, de me situar e de ver se estou a conversar por iniciativa própria ou porque sinto a pressão social de alimentar uma conversa com outra pessoa.
Quando e assim que eu me vejo a participar nesta ideia do "são só 5 minutos" eu páro e respiro. Eu apercebo-me que estou de facto a ter resistência em ser direta com a outra pessoa e de realmente perguntar quanto tempo é que a conversa vai levar ou quanto tempo é que o outro tem disponivel, de modo a garantir que estamos ambos com a mesma disponibilidade. Eu apercebo-me que a comunicação verbal é de facto super potente e pode ser eficaz quando aplicada em senso comum, em auto -ajuda e a ajudar o outro na partilha de informação. No entanto, eu apercebo-me que comunicar com o outro não é nem pode ser uma forma de entretenimento para passar o tempo - em vez disso, eu comprometo-me a ver este padrão de agradar os outros como uma referência da minha honestidade própria e mudar a maneira como eu lido comigo/com o meu tempo e com os outros.
Quando nas situações me que eu vejo que a conversa está sem rumo, ou que estou "a falar só por falar", eu páro, respiro e dou-me direção - por exemplo, dedico-me a escrever sobre o ponto, para eu própria perceber de onde é que os meus pensamentos vêm, as várias dimensões e ajudar-me a ver o ponto em senso comum.


Quando e assim que eu me vejo a manter uma conversa com a desculpa de "é preciso manter a relação"como se fosse uma obrigação em nome do interesse-próprio, eu páro e respiro. Eu averiguo se tenho de facto a disponibilidade para estar totalmente presente a participar um e igual na conversa, ou se é sensato explicar que tenho outras coisas planeadas e sugerir outra altura para se falar se o tópico ainda for relevante. Eu apercebo-me que se aquilo que eu disser for levado a peito é uma projeção do outro - da mesma maneira que se eu levar a peito aquilo que me é dito é também um ponto de insegurança minha.

Quando e assim que eu me vejo a acreditar que ao manter a conversa eu estou a agradar o outro, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que esta é uma ideia e projecção de mim própria e de como eu defino as pessoas de acordo com aquilo que elas me fazem sentir (se me sinto ouvida, se me sinto ignorada, se me sinto com atenção) e que afinal sou eu que julgo o outro como sendo simpático ou antipático de acordo com aquilo que me faz sentir (e quão manipulador isto pode ser!).

Eu comprometo-me então a estar  focada na minha direção e não me permitir dis-trair com estes diálogos da mente que só criam separação comigo própria e na minha relação com os outros. Eu vejo então que ao ser honesta comigo própria, eu estou a ser honesta com os outros e sou capaz de confiar na minha gestão de tempo e confiar no meu ponto de partida para comunicar com o outro (um e igual) sem manias de inferioridade.

Ilustração: Andrew Gable


DIA 194: Conhecer-me em silêncio

sábado, abril 06, 2013 0 Comments A+ a-


Tento evitar falar para me ajudar na recuperação da boca após a cirurgia de extração de um dente. Quando fui ao supermercado, não cumprimentei o senhor da caixa e nesse momento julguei-me como sendo mal-educada. O facto de não lhe ter respondido serviu para eu imediatamente pensar que estava a ser julgada como antipática. Ao trazer o ponto para mim própria, apercebi-me que esta é a minha expectativa sobre mim própria que eu também imponho aos outros e que acabo por ser eu a julgar os outros como antipáticos quando não correspondem ao cumprimento...


Decidi escrever sobre as realizações provenientes do silêncio porque é a segunda vez que me dedico ao silêncio e vejo que há alguns pontos interessantes a investigar.

Por exemplo, começo a ver como eu me vejo e identifico como sendo faladora - já na escola primária lembro-me de ouvir a Professora a mandar calar as "galinhas" da classe... Mesmo na minha relação com o João, eu sou a mais faladora e comunicativa, como se esta fosse uma necessidade.
Ao escrever sobre este ponto apercebo-me do medo que eu de mal-entendidos, por isso uso a fala para garantir que "está tudo bem" e confesso que pode ser  bastante cansativo e stressante. Lembro-me por exemplo de ver situações nos filmes em que as crianças são mal entendidas e eu sinto um impulso para defendê-las e pergunto-me "mas porque é que ele não falou para se defender!". Vejo que esta necessidade de me defender, de provar algo, de garantir que está tudo bem e que não há mal-entendidos é baseada na falta de confiança no outro para perceber o que eu digo e na crença que eu tenho de salvar a situação... Vejo então que, em vez de estar um e igual às palavras que eu digo, estou de facto separada das palavras porque acredito que o outro precisa de ouvir aquilo que eu tenho a dizer. Provavelmente teria mais efeito se eu, em vez de me preocupar tanto em explicar os pontos, realmente vivesse as palavras e mostrasse os pontos ao servir de exemplo...

Outra descoberta durante este fim-de-semana silencioso foi como eu associo o silencio a que alguma coisa esteja mal - por exemplo, nos relacionamentos há por vezes este silêncio de gelo quando não se quer falar com o outro porque há uma resistência em ultrapassar um ponto (quer seja raiva, orgulho, amuo ou vitima). As conversas banais servem como a outra polaridade, em que se fala apenas para se manter a "boa relação" e o status quo da relação. Em ambos os casos, apercebo-me que estou separada de mim própria e portanto a comunicação parece também estar separada de mim. Ou seja, em ambos os casos tenho pontos para trabalhar/perdoar em mim ao identificar de onde vem a resistência ou, no lado oposto, a necessidade em falar com o outro.

Uma coisa que eu também me tenho aprendido em momentos de silêncio é a confiar em mim e naquilo que eu estou a fazer, sem a necessidade de me justificar ao outro, ou de me defender, ou de explicar, ou de desejar ter o apoio do outro. E sabe bem praticar a auto-confiança ao estar bem comigo própria em silêncio. Oiço a respiração mais facilmente e estou focada na minha ação. Apercebo-me que ao trabalhar os meus pontos eu vou estar bem com os outros à minha volta e que não preciso necessariamente e pôr cá para fora tudo o que se passa na minha mente, porque isso não é quem eu realmente sou! A mente de ideias, medos, preocupações, desejos e crenças é aquilo que eu tenho conhecido de mim até agora e partilhado com os outros, quando na realidade quem eu sou está para além desta mentIRA - é então uma questão de tomar responsabilidade por tudo aquilo que eu comunico aos outros e pelas conversas que eu tenho dentro de mim. Em vez de passar os meus problemas aos outros (que também não os vai ajudar), porque não investigar primeiro em mim a origem do problema, perdoar-me pela poluição mental dentro de mim, e dedicar-me a criar as soluções, testá-las e depois partilhar este processo?

Tenho então visto a relevância da comunicação quando esta é aplicada em senso comum - e é fascinante como uma conversa com a outra pessoa pode ser tão reveladora para eu me aperceber de novos pontos que eu ainda não tinha considerado! E como pedir ajuda pode ser igualmente benéfico quando estou tão fechada na minha mente que não consigo ver uma solução para o meu problema.
Dedico-me então a averiguar os momentos em que eu falo só por falar e comprometo-me a respirar e a parar este sistema que funciona como uma distração da minha mente e que também não beneficia a outra pessoa. Comprometo-me então a confiar em mim para primeiro ver os pontos por mim, a escrever sobre os medos, sobre as preocupações, escrever o perdão próprio e escrever o meu plano de auto-correção. Quando comunicar com os outros, eu comprometo-me a ser específica com base na minha prévia auto-investigação, em vez de falar na ânsia/desejo que o outro saiba a solução para o meu problema - como já vi, eu sou a única que me posso ajudar, mesmo que isso implique pôr em prática os conselhos dos outros.

Ilustração: Mallin http://malingunilla.blogspot.com/


DIA 193: Medo da mudança e medo da perda... dentes, acidentes, imaginação e dinheiro

sexta-feira, abril 05, 2013 0 Comments A+ a-


Após a extração do dente, comecei a sentir remorsos e medo de perder todos os dentes, medo de precisar do dente, medo de ficar sem dentes suficientes! Nisto, vejo um padrão de medo da mudança baseado na ideia de perda e este estado mental é cego porque não se consegue ver mais nada que não sejam os pensamentos de "não devia ter feito isto". É interessante que estes pensamentos não existiam antes tão claramente - foi como se ao ter o dente extraído (ou perder fisicamente alguma coisa) tivesse descoberto este padrão em mim que obviamente já existia, apenas não se tinha manifestado. Por isso, neste processo, cada vez mais me apercebo que a minha realidade física é um reflexo do que se passa em mim, ao estar ciente dos pensamentos que eu projecto à minha volta...
Se o medo da perda existe em mim, vou tomar responsabilidade e investigar como me estou a permitir limitar e, finalmente, aplicar-me em corrigir este hábito mental em mim.
O medo da perda (do dente) surgiu com base no medo de precisar do dente no futuro. No entanto, neste preciso momento este dente estava a incomodar-me e iria trazer-me problemas mais cedo ou mais tarde.
 Outro medo tem a ver com o medo de perder os dentes da frente - Quem é que não reage quando vê uma pessoa desdentada, por ter medo de ficar também desdentada? Este medo é o medo da minha imagem sem dentes e como eu me defini por ter os dentes no lugar, brancos e direitinhos. Há cerca de 5 anos tive um acidente de mota e lembro-me que quando acordei após a operação, senti uma placa de ferro na minha boca - fiquei super assustada e imaginei imediatamente que os meus dentes tinham ficado todos encavalitados e partidos. Esta era a minha segunda grande preocupação, depois de ter mexido as pernas para ter a certeza que não estava paralisada. Afinal aquilo que eu sentia era simplesmente uma placa a apoiar os meus dentes a fixarem-se no lugar.

De volta ao dente, este medo de perda não tem de existir - este dente não me iria ser removido se fosse realmente essencial. Além disso, há a possibilidade que o dente do siso venha substitui-lo. Curiosamente, comecei a sentir a boca mais leve e com mais espaço.
Durante a extração, eu estava agarrada ao dente e curiosamente este estava a dar luta! Apercebi-me que era altura de aprender a largar e de me "render". De certa maneira, o medo de deixar o dente ir tem também a ver com o hábito de ter aquele dente na minha boca e não me imaginei não tê-lo. Ou seja, o medo do futuro é muito em parte baseado na imagem do que já se conhece (mesmo que não seja perfeito) VS uma coisa nova (que não se conhece).

Reparo agora que os medos são como as bonecas russas, abre-se um medo e surge um outro, como se a minha mente tivesse um lugar para o medo que tem de estar sempre ocupado! Desta vez, o medo que surgiu depois da extração do dente foi o medo de complicações pós-cirurgia. Obviamente, que o estado de stress que eu permito (ou não) em mim vai ter impacto na recuperação. Por isso decido recuperar sem o medo. A recuperação é a parte da operação que eu posso controlar - ou seja, depende de mim, da atenção que dou a mim própria, do descanso, da toma do antibiótico e da estabilidade que crio em mim. Por isso escrevo sobre estas preocupações da mente, para esvaziar o medo de dentro de mim e deixar o medo ir, tal como deixei o dente ir e me dedico a tomar conta do meu corpo que está aqui.

Depois de ter escrito o seguinte perdão-próprio e as afirmações de auto-correção, apercebi-me que a minha desconfiança tem também a ver com o medo de ser levada a gastar/investir cada vez mais dinheiro em tratamentos dentários. Lembro-me que tinha pensado que este dente tinha de ser tratado mas que o doutor não estava a dar prioridade a esta situação, visto que havia outros tratamentos supostamente mais rentáveis a serem feitos noutros dentes. No final de contas, acabou por ser este dente a ser tratado primeiro e, em vez de me permitir relaxar, continuei a  participar no medo e desconfiança da mente.


Quanto à questão do dinheiro, eu apercebo-me que o medo ou a resistência em perder/investir dinheiro em tratamentos dentários é um facto inerente ao actual sistema económico. Vejo também que, mais uma vez, estes medos e preocupações seriam colmatados caso vivêssemos num sistema monetário que fosse igualitário e que garantisse que os doutores seguissem a carreira da saúde por realmente quererem o melhor para os seres-humanos e não pelo lucro. Da mesma maneira, nenhum de nós iria ter medo de ter problemas dentários porque saberia que estes seriam resolvidos incondicionalmente. Apercebo-me então que não é só a dor física dos tratamentos mas também o peso na carteira que nos faz ter resistência a ir ao dentista...
Independentemente disto, é crucial resolver estes medos e preocupações da minha mente.

Eu perdoo-me por me estar a permitir e aceitar alimentar os medos que surgem na minha mente após a cirurgia, como se os medos fossem reais.
Eu perdoo-me por não me estar a permitir e aceitar olhar para a situação médica em senso comum e assim não permitir que o medo contamine tudo e todos.
Eu perdoo-me por me estar a permitir e aceitar desconfiar do meu médico e pensar que ele quer tirar os meus dentes para depois fazer mais dinheiro comigo caso eu precise de mais tratamentos para substituir o dente.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido participar na desconfiança da mente em vez de estar aberta à explicação do doutor e sobre a situação física e real dos meus dentes.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que tenho de ser desconfiada para ser respeitada (e não ser enganada).
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que se eu permitir tirar um dente estou de facto a andar em direção à perda total dos meus dentes, o que eu vejo ser a mente a levar-me para a outra polaridade!
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido imaginar-me sem dentes ou com os dentes encavalitados e por me ter permitido deixar assustar por esta imagem da mente.
Eu perdoo-me por me estar a permitir agarrar-me à ideia que não devia ter aceite este tratamento com base na ideia que o meu médico em Portugal saberia melhor o que fazer, com base em experiências do passado que não se aplicam necessariamente ao caso actual.
Eu perdoo-me por não me estar a permitir focar-me na recuperação e na minha estabilidade que é aquilo que eu realmente posso controlar neste momento.

Quando e assim que eu me vejo a participar na desconfiança da mente em relação à extração do meu dente, eu páro e respiro.
Ao respirar, eu permito-me descomplicar a situação física e apercebo-me que são os meus pensamentos que estão a complicar. Nisto eu apercebo-me que estou agarrada à ideia que podia ter havido outro tipo de tratamento alternativo em vez de ouvir os conselhos do doutor e ver aquilo que está realmente aqui. Eu apercebo-me que a minha dúvida é baseada em informação relativamente a outros casos, por isso, eu permito-me focar-me no MEU caso, abraçar esta situação como tendo sido o melhor para mim e aperceber que não precisava de chegar ao ponto de ter dor absoluta para me "convencer" que este dente deveria ser tratado/extraído urgentemente.

Eu dedico-me a focar-me apenas na minha recuperação e, quando e assim que eu vejo um pensamento da mente a justificar o arrependimento, eu páro, respiro e escrevo sobre isso para me permitir ver a complicação da minha mente e ajudar-me a ver as soluções para mim própria.
Quando e assim que eu me vejo a imaginar a perder os meus dentes da frente ou a ficar assustada com a ideia de vir a perder todos os meus dentes quando envelhecer, eu páro o medo e respiro. Eu apercebo-me que esta aterrorização da mente não é real e que é apenas uma forma de manipular quem eu Sou e a minha criação. Eu dedico-me a respirar e a confiar em mim no meu processo de remover os meus medos, não os meus dentes ou outra parte do meu corpo físico!

Quando e assim que eu me vejo a desejar voltar atrás e sugerir outro tipo de tratamento, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que estou a criar stress desnecessariamente para mim própria e que tenho mesmo de confiar naquilo que o especialista sugere.
Eu dedico-me a andar passo a passo, respiração em respiração, em estabilidade própria, em vez de saltar para o passado ou para um futuro e pensar naquilo que eu devia ter feito ou naquilo que eu devo fazer. Apercebo-me que a solução para os meus problemas exteriores passa por eu criar soluções de dentro para fora e por isso dedico-me a resolver os padrões da minha mente que me impedem de ver soluções práticas para mim (e para o mundo).

Quando e assim que eu me vejo a desconfiar que a mudança não me vai ser benéfica, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que sou eu quem me estou a puxar para trás, em vez de abraçar a mudança e me permitir relaxar com a certeza que aquele dente não me vai incomodar mais!

Comprometo-me também a não generalizar esta situação e pensar que ao ter permitido a extração de um dente então vou abrir um precedente e terei  de extrair mais dentes - eu apercebo-me que a extração de dentes só é feita quando é realmente o melhor para a pessoa e que não é o fim do mundo. Isto é senso comum.

 Quando e assim que eu me vejo a projectar a minha desconfiança noutras pessoas e a acreditar que estou a ser enganada por outra pessoa, eu páro e respiro. Realizo que este é um indicador da mente que me mostra aquilo que eu tenho de urgentemente resolver em mim e por isso eu comprometo-me a parar a desconfiança em mim. Apercebo-me que a desconfiança da minha mente é auto-destrutiva e que sou responsável por parar este padrão em mim. Eu comprometo-me a abraçar aquilo que me é dado pelos outros, estando ciente que a minha estabilidade não está dependente disso e, ao mesmo tempo, dou-me a oportunidade de confiar em mim por me permitir confiar nos outros.

Ilustrações: 
Andrew Gable - The Decision – An Artists Journey To Life: Day 172 | An Artists Journey To Life http://bit.ly/SVmmxo
Andrew Gable - Where Do Your Thoughts Come From. Find Out how your mind really works - http://lite.desteniiprocess.com/
Marlen Vargas Del Razo - Money as Life?



DIA 192: Arrancar os dentes do siso: perder o medo e encontrar estabilidade

quinta-feira, abril 04, 2013 0 Comments A+ a-


Apercebo-me o quão fácil é alimentar e criar novos medos, com base em associações, em exemplos de outras pessoas, em memórias e em imagens. Neste caso, vejo que quanto mais se aproxima o dia de fazer a cirurgia mais ansiedade tenho, como se quisesse que o tempo passasse mais devagar só para evitar o momento de estar deitada na cadeira  do consultório.
Curiosamente, à medida que o tempo passa, comecei a pensar em coisas que podem correr mal e até mesmo a duvidar do meu doutor. Por outro lado, tento cobrir o medo com a ideia que daqui a uma semana a cirurgia será uma memória e que a dor já terá passado. Ou seja, ando a saltar de emoções negativas (medo da dor) para emoções positivas (desejo de conforto). Vejo também que o medo da dor é de facto o medo da morte porque na minha mente há uma memória de um caso que eu estudei em Direito sobre um paciente que tinha morrido devido a complicações após um tratamento dentário e a mãe do jovem estava a insistir que se fizesse justiça. Enquanto escrevo esta memória reparo que há uma resistência em mim, como se fosse proibido escrever sobre os meus medos, o que mais uma vez é baseado no medo de recriar o medo na minha realidade. Vejo agora que esconder os medos de mim própria também não me vai ajudar a estar estável. Em vez disso, eu vou começar por perdoar os medos que estão a vir à tona ao mesmo tempo que os meus dentes to siso se preparam para vir também à tona.
Eu perdoo-me por me estar a permitir e aceitar criar ansiedade dentro/em mim desnecessariamente e que me estou realmente a comprometer a minha estabilidade. Eu apercebo-me que a minha responsabilidade de cuidar de mim passa por garantir que estou estável e que não me deixo assustar pelo medo da mente.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que a desconfiança em relação ao doutor é real - aqui vejo que a desconfiança projectada no outro é de facto a desconfiança que eu me estou a permitir ter em mim ao pensar que fiz mal a escolha de remover os dentes do siso nesta altura e em Londres.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido justificar o medo com a ideia que devia fazer este tratamento em Portugal o que afinal é um pretexto para continuar a justificar o medo, em vez de abraçar a decisão e ajudar-me a estar estável com o facto de fazer o tratamento em Londres.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido imaginar e abrir a possibilidade que se a cirurgia não correr bem terei o apoio em Portugal, quando na realidade eu estou-me a permitir acreditar que o medo que as coisas corram mal e a ideia de salvação são reais. Nisto, eu apercebo-me que aquilo que é real é o físico e portanto foco-me em recriar a minha estabilidade física aqui a cada momento, a ajudar-me através da respiração a estar relaxada e a parar de me auto-aterrorizar pela mente. Ao estar relaxada e estável em mim eu estou a criar as condições para a recuperação, em vez de pensar que ao pensar nos acidentes eu estou a preveni-los - vejo que aquilo que eu posso e devo fazer é ser responsável pela minha estabilidade e a fazer aquilo que é o melhor para mim.
Eu apercebo-me que tirar os dentes do siso é aconselhável para prevenir futuras complicações. Apercebo-me também que o doutor quer o melhor para mim e que, ao mesmo tempo, ele faz isso por ele para ter um salário ao fim do mês.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar que o doutor insiste em fazer esta operação por causa do dinheiro que isso lhe traz, porque eu vejo que eu estou a interpretar este pensamento como se estivesse a ser enganada. Em vez de participar neste medo de ser enganada, eu realizo que eu estou a fazer isto por mim para que eu não tenha problemas com estes dentes e que mais cedo ou mais tarde iria necessitar de os tirar.

Quando e assim que eu me vejo a fazer desta cirurgia mais do que aquilo que ela é (porque começo a criar imaginações de tratamentos demorados), eu páro e respiro. Eu apercebo-me que as coisas não têm de ser complicadas. Vejo também que o medo que o pior aconteça é baseado na ideia de querer sobressair , neste caso, ter medo de sobressair pelas piores razões. Assim, vejo que esta polaridade não são reais porque ambas têm como ponto de partida a ideia de que eu sou especial ou uma excepção , o que na verdade não é real. Em termos físicos, eu estou igualmente aqui no corpo físico e tenho uma mente para lidar/resolver/estabilizar em mim.
Quando e assim que eu me vejo a criar imagens de acidentes em mim e a fazer associações com base nas experiências que eu ouvi falar, eu páro de participar na mente e respiro. Eu permito-me recriar no físico e assim fazer o melhor para mim. Eu apercebo-me que a dor, seja ela qual for, não é um castigo ou punição - é uma dor física que me chama atenção para um ponto que tem de ser resolvido (neste caso com a ajuda de um médico) ou um ponto de preocupação que eu posso resolver ao parar a preocupação em mim.
Quando e assim que eu me vejo a antecipar a cirurgia a correr mal, eu páro e respiro. Eu vejo que esta é uma ideia baseada no julgamento que\ os dentistas em Londres e de determinada nacionalidade não são competentes. Quando e assim que eu me vejo a acreditar numa ideia da mente que não é o melhor para mim e que é de facto contra mim mesma (a minha existência estável aqui), eu páro a mente e respiro.
Eu foco-me a ver e a fazer aquilo que eu realmente posso mudar na minha relação comigo própria para recriar a minha auto-confiança na minha decisão e viver a decisão sem medo.
Quando e assim que eu me vejo a pensar que errei em tomar esta decisão e a sabotar a minha vida com a associação da minha operação com o caso do jovem que morreu, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que esta relação com a morte de medo e de incerteza não é real e que a minha responsabilidade agora é RECRIAR-ME COMO VIDA.

Eu comprometo-me a parar esta chantagem mental com a ameaça da morte. Eu dedico-me a auto-ajudar-me a cada respiração e estar ciente da minha vida física que até agora tem sido subestimada.
Apercebo-me também que esta sensação de medo e a sabotagem da imagem de morte surge quando faço coisas fora da minha rotina. Nisto, eu realizo que quem Eu sou como vida é uma constante em tudo aquilo que eu faço e, portanto, eu aqui a respirar já sou a minha rotina a cada momento! Vejo então que  a ideia de rotina ou de coisas novas não têm de ter qualquer impacto positivo ou negativo em mim e que estas são baseadas naquilo que é o melhor para mim. Finalmente, eu comprometo-me a parar  os assaltos de medo, as ideias de que "devia fazer outra coisa" e a ameaça da morte em mim, pois são vícios da mente que eu vejo não ser o melhor para mim e que é contra mim, por isso contra a Vida.

Eu comprometo-me a ser paciente comigo durante o processo de recuperação.
Eu comprometo-me a cooperar comigo própria, respiração em respiração, um e igual comigo como vida.


DIA 191: Saber largar (ideias fixas)

quarta-feira, abril 03, 2013 0 Comments A+ a-




Ainda na onda das discussões, um ponto que surgiu e que estou neste momento a lidar/ultrapassar/aprender é a saber largar ideias fixas. No meu caso, isto tem a ver com uma ideia que eu criei da outra pessoa no momento da discussão e, a partir daí, alimentei uma personalidade que justifiquei com base na memória da discussão. No entanto, ao olhar para o padrão das ideias fixas na minha mente, vejo também que o meu ponto de partida da discussão era baseado numa ideia fixa - mais especificamente, era baseado na imagem de um futuro projectado visualmente na minha mente e, ao ver esta imagem a ser bloqueada por uma força contra a minha vontade, eu própria participei na discussão, como se por dentro gritasse pela imagem que se desvanecia... De certa maneira, tratou-se de um bloqueio mental que eu criei para mim própria e acabei por me permitir amuar. Ainda não tinha tratado deste ponto antes e agora, ao escrever, vejo como podia ter agido de maneira diferente, em vez de dificultar ainda mais a situação. Depois da reação do amuo veio também a vontade de fazer exactamente a outra polaridade, ou seja, deitar tudo ao ar e desistir, ao pensar para mim própria que não valia a pena fazer planos porque era uma perda de tempo... Em senso comum, faço-me ver agora que fazer planos não é o problema: aquilo para o qual eu tenho de estar atenta é o meu ponto de partida para fazer/realizar o plano. Neste exemplo, a razão pela qual eu reagi quando ouvi um "Não" da outra parte foi porque toda a minha construção mental daquele futuro projectado era baseado num "Sim" que não houve...  Pergunto-me: Porque é que não me permitir estar igualmente estável com o "Não? Porque é que eu permiti que o sucesso do meu plano fosse dependente da resposta do outro? Para quê criar um plano desfasado da realidade e assim entreter a mente? Porque é que eu permiti que a minha estabilidade própria estivesse dependente da resposta do outro que eu não posso controlar, em vez de garantir que a minha estabilidade própria é incondicional (e por isso não estar dependente da imagem da mente para me sentir realizada). Apercebo-me também que foi mais fácil culpar do outro do que trazer estes pontos para mim própria, perdoar e finalmente largar...

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido agarrar-me aos pensamentos/ideias fixas da mente como se estas fossem mais reais do que o que realmente se passa aqui. Apercebo-me que a facilidade de se imaginar e projectar um futuro  funciona como um escape para propositadamente ignorar a situação que é mesmo real.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ter resistência em aceitar que a situação real não é a situação projectada na minha mente e que é a situação real que eu tenho de considerar de modo a ver todos os pontos que estão aqui.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido parar a reação da mente quando me apercebi da energia de medo quando ouvi o "Não" do outro, associado ao medo de perda.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que este medo da perda não é real porque a projeção/imagem também não era real em primeiro lugar.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido culpar o outro como um mecanismo da mente para não ver como eu me permiti/criei esta instabilidade para mim própria ao criar esta condição e chantagem emocional em mim própria, estando supostamente dependente da resposta do outro (para satisfazer, ou não, a imagem da mente)
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido largar o desejo de forçar o outro a cumprir o plano da minha mente.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que ter ideias fixas é "bom" sinal e sinal de força de vontade, quando  na realidade e em honestidade própria, a força de vontade é incondicional e pode ser aplicada a casa respiração em tudo aquilo que eu faça.

Quando e assim que eu me vejo a ter resistência a ouvir o que a outra pessoa me está a dizer porque aparentemente vai contra a minha ideia inicial, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que este conflito com o outro é um espelho do conflito da mente entre a ideia fixa e os argumentos que impedem esta ideia, e apercebo-me também que ambas polaridade existem no medo da perda e que, com esta fixação, eu acabo por ignorar aquilo que está aqui realmente.
Quando e assim que eu me vejo a ter dificuldade em mudar uma ideia na minha mente quando os factos apontam para uma coisa diferente, eu páro e respiro. Eu ajudo-me a ver que se trata de uma ideia fixa na minha mente e que estou de facto a bloquear o senso comum e os factos práticos - Eu dedico-me a olhar para a situação de conflito de interesses em completo senso comum e naquilo que é o melhor para todos neste determinado momento. Eu apercebo-me que a resistência a parar o conflito é alimentada pela energia da mente de pôr a culpa em alguém e que afinal isto só cria mais separação dentro de mim (em honestidade própria) e na relação com os outros.
Eu comprometo-me a investigar sempre o meu ponto de partida na minha tomada de decisão e a garantir a mim própria que não comprometo a minha estabilidade - eu apercebo-me que sou sempre eu a única responsável pela minha estabilidade e que, ao acreditar que a resposta do outro pode limitar ou expandir a minha vida, eu estou deliberadamente a delegar a minha responsabilidade própria. Por isso, eu dedico-me a puxar pela resistência de largar uma ideia fixa e dou-me a possibilidade de recriar a minha realidade considerando aquilo que é o melhor para mim e para os outros, em unidade e igualdade.

Ilustração: Humanity's Journey to Life: Day 107: Blame Character – Commitment Statements http://bit.ly/VYJRrx by Kelly Posey