DIA 249: Se eu soubesse aquilo que eu sei hoje...

segunda-feira, novembro 04, 2013 0 Comments A+ a-

Apercebi-me desta lenga-lenga na minha mente enquanto eu falava com uma amiga sobre o meu processo e em como eu me permito ainda sentir frustrada quando descubro um ponto em mim que eu desejaria saber mais cedo, com base na ideia de que as coisas poderiam ter sido diferentes/melhores  caso eu estivesse ciente desse ponto em mim. Ao dizer isto, reparei também como isto não passa de uma ideia e, em honestidade-própria, é uma justificação para me manter exactamente no mesmo ponto de auto-vitimização, arrependimento e esperança. Esta é a minha mente e estou a abrir-me para mim, a cada dia, a cada respiração, a cada momento que eu decido viver este processo em plena dedicação própria e aplicação.

Se eu soubesse aquilo que eu sei hoje... o que é que seria realmente diferente? Vendo bem, tenho vários exemplos na minha actual dia-a-dia nos quais eu não aplico aquilo que eu sei: apesar de saber e ter provas em mim de que escrever para mim própria e escrever o perdão próprio sobre os pensamentos e emoções é de facto o melhor para mim, não o tenho feito todos os dias; apesar de saber que é saudável fazer desporto regularmente nem sempre planeio a minha semana de modo a dedicar tempo a essa prática; apesar de saber que avanço no meu processo a fazer os cursos do Desteni tenho tido enorme resistência em fazê-los; apesar de saber que eu estou ciente de mim a cada respiração ainda há grande parte do meu tempo a ser "vivida" em piloto automático... Ou seja, esta sabedoria é irrelevante se não for aplicada. Por isso, é inútil eu sabotar-me a dar azo a esta conversa da mente de "se eu soubesse antes"... Em vez disso, quando eu vejo um ponto novo em mim, posso agradecer-me por ter chegado a este ponto e dar-me esta oportunidade para mudar daqui para a frente com base nessa realização.

Outra coisa que vejo é o valor que dou à sabedoria da mente quando, na realidade, esta não é aplicada e acaba por se transformar em culpa por estar ciente da minha própria desonestidade! Para que é que eu preciso de me agarrar a esta ideia de saber qualquer coisa se isso não for transformado em mudança de hábitos por exemplo? Se eu sei que escrever é-me benéfico para acalmar a mente e dar-me espaço/tempo para ver as coisas por mim própria, porque é que eu pura e simplesmente não começo a escrever!
Penso bastantes vezes que, se tivesse sabido das coisas do Desteni antes da faculdade, teria utilizado o meu tempo livre de forma diferente e começado a lidar com a minha mente em momentos de desespero, solidão, incerteza e medo, típicos da fase da adolescência. Aquilo que eu vejo é que essa fase não tem necessariamente de ser complicada, mas pouco se partilha, pouco se fala, pouco se conhece sobre a mente e sobre as maneiras de nós nos conhecermos e ajudarmo-nos a nós próprios.

Por isso:

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido criar e participar na conversa da mente sobre desejar saber algo há mais tempo com base na esperança e ideia de que isso teria mudado alguma coisa.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que é irrelevante imaginar como é que eu teria feito as coisas de maneira diferente quando por experiência própria eu vejo que mesmo agora ainda continuo a repetir padrões e a desprezar a minha própria honestidade própria. Realizo então que independentemente de saber dos pontos com os quais eu tenho de lidar, trata-se de me tornar na vontade própria de mudar, de realmente puxar por mim para parar os pensamentos automáticos e de sair dos hábitos da minha mente.
Eu perdoo-me por me permitir e aceitar criar uma realidade paralela na minha mente baseada na ideia de como eu as coisas podiam ter sido diferentes, em vez de ver que ao alimentar esta imaginação eu estou a permitir continuar distraída de mim própria e, portanto, a continuar "perdida" na mente, com esperanças do típico "e se"...

Apercebo-me também que esta conversa da mente surge como uma distração em mim; por isso, em vez de alimentar a imaginação de como é que teria sido, eu foco-me naquilo que eu vou fazer e mudar daqui para a frente.
Em momentos em que me apercebo de um ponto, eu comprometo-me então a ser honesta comigo própria e a pôr em ação essa realização, sem perder tempo na mente com ideias de como é que eu podia já ter feito tal mudança antes. O momento de mudar é o momento em que me permito ver essa nova opção em mim, essa nova perspectiva e essa solução para mim própria. Para quê adiar fazer e ser aquilo que é o melhor para mim?
Quando e assim que eu me vejo a participar na conversa da mente de "quem me dera saber isto antes" eu páro e respiro. Eu investigo em mim aquilo que eu desejaria que acontecesse antes e investigo o que é que eu posso realmente fazer aqui e agora. Por experiência própria, passar muito tempo em planos da mente é desgastante e é um pneu furado que não me leva a lado nenhum. Em vez disso, eu posso começar por escrever o padrão que eu enfrento, ver os pontos negativos e positivos aos quais eu ainda tenho uma ligação de arrependimento e desejo, e ver o que é que eu posso fazer para lidar com este ponto de modo a aplicar a realização numa mudança prática e de auto-apoio na minha actual realidade. Eu finalmente vejo que o meu futuro depende em quem eu me torno a cada momento e, para que o meu futuro seja vivido em honestidade-própria, eu terei de ser honesta comigo-própria aqui e agora, sem adiar o meu processo, e em garantir que crio/sou a minha fundação estável para me expandir como o potencial de Vida que eu sou/somos.


No próximo artigo irei escrever sobre a tendência de pensar que seria mais fácil estar numa posição, num tempo ou num lugar diferente daquele onde eu estou.